Além do ‘obrigatório’ secretário-geral António Costa, o aparelho do PS fez-se representar em peso, este sábado à noite, no comício de apoio a Hugo Pires, cabeça-de-lista à Câmara de Braga.
A presença do secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, da eurodeputada Isabel Carvalhais, do secretário-geral da JS, e do presidente da Federação, Joaquim Barreto, todos sentados lado a lado na primeira fila, queria demonstrar que estava sanada a guerrilha interna provocada pela escolha do deputado e ex-vereador na autarquia bracarense, indicado pela Direcção Nacional, contra a vontade de Artur Feio, presidente da Concelhia.
Mas é o próprio Artur Feio que, após elogiar a “coragem” e a “determinação” de Pires em dar a cara pela candidatura, a abordar, muito de passagem a questão, ao apontar o dedo aos que tentaram passar a ideia de divisões no seio da família socialista bracarense.
“Não nos conseguem dividir”, assegurou. Joaquim Barreto garantiria depois que, apesar de tudo, as “sondagens internas” apontavam para a vitória do “grande amigo” Hugo Pires.
Enquanto Artur Feio acusava o social-democrata Ricardo Rio, líder da coligação Juntos por Braga (PSD/CDS/PPM e Aliança) “nada ter feito de novo” nos oito anos que leva na presidência do município “porque estava tudo feito” pelo anterior autarca socialista, Mesquita Machado, junto dos operadores de imagem das televisões, um grupo de jovens tentava vislumbrar na assistência “o Luxúria Canibal” – Adolfo Macedo – , o vocalista da banda bracarense Mão Morte e o n.º4 (independente) na lista à Câmara.
Acusando Rio de não ter produzido “uma única obra estruturante”, Artur Feio acabou por ter o discurso mais acutilante e critico. Acusou o autarca social-democrata de uma gestão municipal “exclusivamente preocupada” com “festas, festinhas, festarolas e fotografias”.
“Um autarca pavão”, resumiu Feio. “Não podemos deixar que [Ricardo Rio] continue a deixar o concelho de Braga subdesenvolvido”, acrescentou mais tarde Barreto.
Logo após a sua intervenção, Feio deixou o comício porque, explicou Barreto, tinha “outro comício numa freguesia perto dali”.
COLIGAÇÃO DE 3.ª
Apresentado por Miguel Matos, secretário-geral da JS, como “líder do combate às alterações climáticas em Portugal”, referindo-se ao contributo que ambos deram no Parlamento para a Lei de Bases do Clima, Hugo Pires retomou as ideias de Artur Feio e Joaquim Barreto.
“Em vez de cuidar da qualidade de vida dos bracarenses, Ricardo Rio gastou milhões na sua ambição pessoal”, atirou, acusando o líder da coligação de direita –“ uma coligação de direita de 3.ª” – de “comprar prémios de eficácia duvidosa”.
Prometendo transportes públicos gratuitos, 3 mil casas a preços acessíveis, creches para mais famílias, programas de combate à solidão para os mais idosos e uma universidade sénior, o candidato desenrolou um rol de criticas à gestão de Rio, dos preços exorbitantes da habitação à degradação do parque escolar e aos despejos poluentes ilegais nos rios do concelho.
“Ao contrário do que muitos pensavam no início do ano, estamos quase lá, estamos quase a ganhar”, rematou.
Ainda antes de António Costa iniciar a sua intervenção, o grupo de jovens desistia de encontrar o vocalista dos Mão Morta e abandonava a Arcada.
Defendendo que uma câmara liderada pela esquerda “é mais útil” ao país, “porque acredita no Serviço Nacional de Saúde nas escolas públicas e nos cuidados para todos”, o líder socialista afirmou que “essa será a câmara liderada pelo PS e pelo Hugo Pires”.
Fernando Gualtieri (CP 7889 A)