A enfermeira de 34 anos Joana Quintela Alves é a primeira mulher, em 47 anos de democracia, a encabeçar uma candidatura, independente, pelo Movimento 51, à Câmara de Ponte de Lima, para dar “uma lufada de ar fresco” ao concelho.
“Sou a primeira mulher candidata à presidência da Câmara de Ponte de Lima. Nunca aconteceu nos 47 anos de democracia em Portugal”, afirmou esta sexta-feira à agência Lusa Joana Quintela Alves.
A enfermeira disse ser preciso “uma lufada de ar fresco”, uma “mudança de paradigma” por considerar desde Abril de 1974 que Ponte de Lima “mantém o mesmo registo, as mesmas pessoas”.
“Vão integrando os executivos como vereadores e vão ficando como presidentes de câmara, eleitos democraticamente, é claro, mas vão-se mantendo. Estamos perante um período de estagnação”, defendeu.
Para a candidata do Movimento 51, “há poucos parques empresariais, os parques industriais estão muito parados, comparativamente a outros concelhos do distrito de Viana do Castelo”.
“Continuamos com esperança de mudar a conduta da câmara municipal. É uma candidatura com voluntariado cívico em prol do bem comum”, afirmou Joana Quintela Alves que nasceu no Porto, mas que as raízes familiares fizeram crescer na freguesia da Correlhã, onde residiu até aos 17 anos e a onde volta sempre que possível.
EQUIPA COESA
Joana Quintela Alves adiantou ser a primeira vez que concorre como cabeça-de-lista, apesar de “desde os 17 anos estar envolvida na política, em posições mais discretas, como elemento da Assembleia de Freguesia da Correlhã”, integrando o Movimento 51, pelo qual se candidata em Setembro, desde a sua fundação em 2013.
“A minha candidatura é expressão máxima da abertura à sociedade civil. Nós não temos estrutura financeira, não somos profissionais da política, mas mantemos o nosso objectivo de forma organizada. Somos uma equipa muito coesa”, disse.
Questionada sobre as expectativas quanto aos resultados que atingirá nas eleições autárquicas, a enfermeira disse não gostar de “fazer política da forma como está local, nacional e internacionalmente instituída”.
“Não tenho auscultado as pessoas nesse sentido e acho que não é saudável porque essas expectativas podem desmotivar-nos ou inibir-nos de continuar o nosso processo e o nosso objectivo que é instalar a mudança, ou pelo menos semeá-la e fazê-la crescer no concelho”, referiu.
Para Joana Quintela Alves, “a primeira conquista foi haver uma candidatura feminina pela primeira vez em Ponte de Lima e apresentada por um movimento independente”.
“A segunda conquista foi conseguir elementos do concelho para integrar a lista e ser admitida pelo tribunal. Isto, só por si, é uma vitória. Daqui para a frente todo o trabalho será desenvolvido no sentido de obter o melhor resultado possível e cá estaremos para o abraçar e trabalhar o melhor que pudermos. Temos uma equipa altamente competente”, acrescentou.
Segundo Joana Quintela Alves, “há muitas pessoas que contribuem indirectamente para a candidatura que não querem tornar-se visíveis com medo da opressão que o poder local tem mantido instituído ao longo destes anos”.
Nas eleições autárquicas de Setembro, haverá mudança de liderança municipal em Ponte de Lima, que, até 2013, era a única câmara do país detida pelo CDS-PP.
Victor Mendes, sucessor de Daniel Campelo, termina 12 anos consecutivos como presidente da Câmara. O CDS escolheu Vasco Ferraz, actual vereador das Obras Particulares e Urbanismo, Protecção Civil, Desporto e Juventude, para manter a câmara no partido.
O Movimento Ponte de Lima Minha Terra (PLMT), liderado por Abel Batista, volta a concorrer com o apoio PS. São ainda candidatos José Nuno Araújo pelo PSD, João Gomes pela CDU, Gonçalo Abreu Lima pelo Chega, José Manuel Puga pelo Partido Popular Monárquico (PPM) e Gaspar Martins pelo movimento independente Viramilho.
Nas últimas autárquicas, o CDS-PP alcançou 52,11% dos votos e conquistou cinco mandatos. O Movimento Ponte de Lima Minha Terra (PLMT), liderado por Abel Batista, que já anunciou a recandidatura às próximas eleições, atingiu 23,66% dos votos e garantiu dois lugares no executivo municipal.