Os autores das obras que se dedicaram a escrutinar a resistência no Minho, em diferentes livros, foram desafiados a criar um dicionário online sobre o período do Estado Novo na região. O desafio foi lançado pela Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas de Braga, no final da segunda conferência ‘Diálogos com a Democracia’, ocorrida na passada sexta-feira, na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga.
“Trata-se de criar um instrumento pedagógico que ajude as gerações mais novas a conhecer melhor os 48 anos de Estado Novo e, igualmente, os professores que poderão ter aí mais uma ferramenta para as suas aulas, sempre que a temática seja a história recente do país”, explica Paulo Sousa.
Segundo o responsável da Comissão, “para além do carácter pedagógico, pretende-se melhorar o processo de comunicação e tornar mais fácil o acesso a dados, factos, protagonistas e lugares que fizeram a história recente do país, num período de perseguições, de silêncios, prisões e fugas, mas também de coragem e abnegação por parte de mulheres e homens que resistiram e se opuseram ao regime de Oliveira Salazar”.
Os autores das obras publicadas na região sobre a resistência no Minho “aplaudiram o desafio que não tem prazo para ser concluído, mas que poderá ser um instrumento poderoso assim que for concluído”.
A ferramenta estará disponível, numa primeira fase, numa versão online até serem criadas condições à sua publicação escrita.
Artur Ferreira Coimbra, Artur Sá da Costa, César Machado, Filipa Sousa Lopes e Vítor Pinho explicaram duas horas e meia, as especificidades de cada concelho retratado nas suas obras, num diálogo em que se cruzaram histórias e personalidades, nomes de mulheres e homens, cujas biografias estão agora a ser redigidas por quem conheceu de perto os seus feitos, ou investigou as suas actividades que conduziram à sua identificação.
Um dos propósitos da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas de Braga, explica o antigo jornalista, “é identificar as e os democratas do distrito de Braga que deram o seu contributo para o êxito do 25 de Abril”.
Existem centenas de nomes escrutinados nas obras dos escritores Artur Ferreira Coimbra e a sua obra ‘Desafectos ao Estado Novo- Episódios da Resistência ao Fascismo em Fafe- 1926-1974’; Artur Sá da Costa, co-autor da obra escrita em conjunto com Henrique Barreto Nunes e Viriato Capela ‘Os Democratas de Braga’; César Machado e a obra ‘Guimarães- Daqui houve resistência’, Filipa Sousa Lopes com ‘Momentos da Oposição em Famalicão’ e Vítor Pinho com o seu contributo sobre os democratas de Barcelos num artigo intitulado ‘Victor de Sá – meu professor, livreiro, historiador e democrata”, publicada no livro ‘O que tinha de fazer, está feito. Fi-lo como pude’, do próprio Victor Sá.
Para além de querer honrar memória dos que já faleceram com a criação de um Memorial aos Democratas de Braga, a Comissão Promotora pretende homenagear em cerimónia a realizar em 2024, “todas e todos aqueles que ainda se encontram entre nós, fazendo justiça e reconhecendo o seu papel e exemplo de exercício de cidadania durante os 48 anos de ditadura em Portugal”.