O Auditório de Terras do Bouro foi o cenário da assinatura de um protocolo que visa valorizar o capital natural e proteger o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) de eventos extremos e a desastres naturais. Trata-se do programa Hectares de Biosfera, um programa que visa plantar 100 mil árvores autóctones – sobreiros e carvalhos-negrais – em 100 hectares propriedade dos baldios.
A iniciativa resulta de uma parceria que junta a ANA – Aeroportos de Portugal, a Casa Comum da Humanidade (CCH) o Agrupamento de Baldios da Serra do Gerês e as oito Comunidades Locais responsáveis pela gestão dos 13.500 hectares (135 km2) de baldios – quatro do concelho de Terras do Bouro e quatro do concelho de Montalegre.
No futuro, as Comunidades Locais devem disponibilizar ainda uma área adicional adequada à plantação de mais 100.000 árvores para efeitos de expansão do projecto, depois de um período de cinco anos da sua execução, ou em data anterior, sob proposta da ANA – Aeroportos de Portugal.
Para já, o projecto começa com a plantação de 20 hectares no primeiro trimestre deste ano, e os restantes 80 hectares entre 2026 e o primeiro trimestre de 2027.
O restauro de ecossistemas degradados com alto valor natural, com incremento da regeneração natural e adensamento com espécies arbóreas e arbustivas autóctones com elevado potencial de sequestro e permanência de carbono, potenciando a conservação e o incremento da biodiversidade e dos serviços dos ecossistemas, é um dos objectivos das intervenções previstas. A este juntam-se a regulação hídrica e a resiliência climática.
O resultado do conjunto das intervenções é o aumento da probabilidade de viabilidade das plantações e da capacidade de resistir a choques ambientais como secas ou geadas fora de época.
MERCADO VOLUNTÁRIO DE CARBONO
O protocolo define o tipo de intervenção a realizar nos baldios, fazer o acompanhamento do projecto em conformidade com as orientações técnicas e a regulamentação previstas para o Mercado Voluntário de Carbono português e garantir os serviços de planeamento, monitorização e medição do sequestro de carbono, em articulação com a UTAD e a NBI. Por outro lado, a CCH realiza as diligências necessárias para apresentar a candidatura para a certificação futura do projecto Hectares de Biosfera no Mercado Voluntário de Carbono.
O projecto conta ainda com o apoio técnico da NBI – Nature Business Intelligence, uma consultora de negócios e ecologia, especializada em economia de base natural, e dos serviços de planeamento, monitorização e selecção das espécies arbóreas e arbustivas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
De acordo com os responsáveis, o Hectares de Biosfera tem como objectivo proteger, restaurar o monitorizar e valorizar o capital natural existente no Parque da Peneda-Gerês. Paralelamente, pretende ser um laboratório vivo de experiências num contexto de actuação em cenário de património, valorizando e tornando visível o dióxido de carbono (CO₂) já armazenado nos ecossistemas, bem como as remoções de CO₂ correntes que estes realizam.
O projecto melhora a regulação hídrica, a disponibilidade para o pastoreio e a qualidade do solo, reduz a vulnerabilidade a eventos extremos e a desastres naturais no único parque nacional do país.
O programa restaura paisagens naturais e apoia o desenvolvimento das Comunidades Locais, assim como potencia a criação de novos produtos e serviços baseados na Natureza naquela região, nomeadamente a colheita sustentável de plantas aromáticas, cogumelos e outros produtos florestais não lenhosos, a produção de óleos essenciais ou produtos de pastorícia.