As alegações finais do julgamento da mãe que atirou o filho de seis anos ao Rio Cávado, em Barcelos, decorrem já esta terça-feira de manhã, à porta fechada, no Palácio da Justiça de Braga, antes de anunciar a data do acórdão.
A arguida, Susana Pereira, confessou no Tribunal de Braga que o fez por ter sido “traída” pelo seu marido, situação com a qual nunca se conformou, já que conforme disse então, “não merecia, pois dava sempre tudo para a casa”.
Susana Pereira, que está a ser julgada à porta fechada, porque sente-se assim à vontade para prestar declarações aos juízes e à procuradora da República, está internada na Casa do Bom Jesus, em Nogueiró, Braga, com uma pulseira electrónica, que é a segunda medida de coacção mais restritiva , logo a seguir à prisão preventiva, segundo está estabelecido no Código de Processo Penal.
A arguida, Susana Maria Fernandes Pereira, de 37 anos, desempregada e que fora empregada de balcão, é natural de Barcelos, onde morava com o marido e os dois filhos menores, atirando o filho mais velho, Carlos Pereira Oliveira, de uma ponte rodoviária, na freguesia de Rio Covo Santa Eugénia, Barcelos, no dia 17 de Junho do ano passado, em atitude que disse ser de “desespero”.
Pouco antes do seu acto, presenciado por vários populares que, ao contrário de uma tentativa uma semana antes, dessa vez já não conseguiram evitar a tragédia, Susana Pereira deixou cartas de despedida, ao marido e aos sogros.
Num escrito que deixou ao seu marido, Carlos Alberto Gonçalves Oliveira, que a arguida acredita andar a enganá-la com uma colega de trabalho dele, a arguida declarou: “eu já não aguento sofrer mais, toma conta do pequeno, o Carlinhos vai comigo, ele sem mim iria sofrer muito, assim é o melhor, se não conseguires ficar com o menino, entrega-o à tua irmã”, conclui na carta.
Na carta que escreveu aos sogros, afirmou que “só peço desculpa por o que fiz, o meu sofrimento é tão grande que não aguentava mais, o vosso filho meteu-se com uma colega de trabalho, não merecia isso, chateavamo-nos às vezes, mas não era motivo para ele me fazer isso, se alguém não merecia era eu, que dava tudo para casa, levei o Carlinhos comigo, foi melhor”, escreveu.
Na audiência, o marido optou por não falar, usando assim a prerrogativa legal dada a ausência de laços familiares com a arguido, nem falou aos jornalistas.
Na missiva aos sogros, a mulher acrescentava que “ele vai sofrer muito sem mim e se o vosso filho não conseguir ficar com o Luisinho, por favor, a Sofia, vossa filha, que fique com ele, com ela vai ficar tudo bem, adeus para sempre, não culpem o vosso filho, eu é que não aguentava tanto sofrimento”.
Por cima das folhas Susana Pereira deixou, simbolicamente, a sua aliança de casamento e ao lado o vestido e os sapatos que utilizara no dia do casamento.
JG (CP 2015)