A Comissão Europeia anunciou esta quinta-feira um acordo entre Estados-membros, trabalhadores e empregadores para o reconhecimento da covid-19 como doença profissional nos sectores da saúde, dos cuidados sociais e da assistência domiciliária e noutros propícios a surtos de infecção, medida que os bastonários das ordens dos Médicos e dos Enfermeiros e o presidente da Associação de Lares de Idosos consideram acertada.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos considerou, em declarações à TSF, que “é uma excelente ideia” e espera que seja “aplicada rapidamente”, dado que muitas pessoas “seja a nível da saúde, seja nos lares ou em situações semelhantes ficaram doentes no seu local de trabalho”.
Também a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Rita Cavaco, concorda.
“Ficámos muito felizes com isto porque há muitos profissionais de saúde que ficaram com sequelas e que ainda sabe-se pouco sobre isso. Sabemos dos sintomas da covid, mas a verdade é que nós não sabemos se eles vão desaparecer. Há a possibilidade de eles se manterem e há pessoas que ficaram com situações incapacitantes, que não vão conseguir ter a vida que tinham antes e a capacidade para trabalhar que tinham antes. Para nós é muito positivo, disse à TSF, sublinhando que “seria um disparate” que Portugal não rectifique a medida.
“Nós temos já outras doenças que foram reconhecidas. Demoraram muito mais tempo para serem reconhecidas como doenças profissionais. Felizmente, esta até demorou muito pouco tempo. Até estou um bocadinho espantada, mas ainda bem”, confessa.
LARES: “MEDIDA CERTA”
O mesmo refere à TSF o presidente da Associação de Lares de Idosos, João Ferreira de Almeida: “À partida faz todo o sentido, porque, realmente, os funcionários dos lares estão expostos a um risco acrescido de contraírem a doença e, também, de transmitirem a uma população especialmente frágil. Penso que faz todo o sentido. Resta saber que medidas complementares é que esse estatuto tem”.
No entanto, quando chega a altura de falar de indemnizações pagas pela entidade empregadora aos trabalhadores infectados, o presidente da Associação de Lares de Idosos reverte o discurso.
“O que é que os empregadores têm a ver com o assunto? Até porque o maior risco de contraírem a doença, em princípio, nem é dentro do lar, mas no exterior. Especialmente quando se fazem transportar em transportes públicos, que é um risco acrescido. O vírus não nasce cá dentro de forma espontânea. O vírus vem sempre de fora para dentro dos lares. O que é que os empregadores têm a ver com isso? Partindo do princípio que os lares são rigorosos a cumprir as determinações da DGS”, rejeita João Ferreira de Almeida.
Já a Associação dos Administradores Hospitalares não tem para já uma opinião sobre o tema, porque quer perceber primeiro o impacto na legislação laboral e no funcionamento dos hospitais.
com TSF