O Bloco de Esquerda (BE) da Trofa acusou esta terça-feira o executivo de maioria PSD/CDS-PP de ter gastado “quase 75 mil euros” em chamadas telefónicas para promover a tradição associada aos Santeiros do Coronado num programa televisivo.
Classificando a medida como “abjecta e vergonhosa” e manifestando “profunda estupefacção e repúdio”, a concelhia do BE da Trofa, distrito do Porto, considera que “estando Portugal e a Trofa a viver um período de pandemia sem precedentes, onde o futuro é de uma completa incerteza”, este gasto constitui “um insulto deste executivo a todos os trofenses”.
“Centenas de famílias do nosso concelho estão a viver um período de dificuldades sem igual. O BE da Trofa considera este gasto com chamadas telefónicas totalmente desnecessário, mais que uma má despesa, um insulto deste executivo a todos os trofenses”, lê-se num comunicado partilhado pelos bloquistas nas redes sociais.
A concelhia do BE da Trofa descreve que foram gastos “quase 75 mil euros” pelo município “em chamadas telefónicas com vista à promoção da tradição dos Santeiros do Coronado”, referindo-se ao programa 7 Maravilhas da Cultura Popular exibido pela RTP.
Em Setembro a tradição ligada aos artesãos de São Mamede do Coronado — freguesia do concelho da Trofa, denominada desde 2013 como União das Freguesias de Coronado, por também integrar São Romão – ficou em primeiro lugar no referido programa da estação pública de televisão.
Para apurar os finalistas e vencedores, este programa recorre ao sistema de votações através de chamadas telefónicas.
De acordo com o regulamento publicado no portal online do programa, as chamadas custam 0,60 euros + IVA.
“Num concelho onde as carências são mais que muitas e a todos os níveis, as consultas no centro de saúde ocorrem a conta-gotas por falta de recursos físicos e humanos, que o custo da água é o mais elevado do país, o IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] mantém-se na taxa máxima, esta é uma despesa que os trofenses não merecem suportar”, frisa o BE.
No mesmo comunicado, os bloquistas da Trofa salvaguardam compreender “a necessidade de promoção do concelho”, mas acusam o executivo liderado por Sérgio Humberto de fazer “batota”.
“Promoção do concelho: nada contra. Mas esta ‘batota’ (…) em nada dignifica a Trofa e muito menos os Santeiros do Coronado. Este custo do ‘orgulho trofense’ num período de pandemia é demasiado elevado, abjecto e vergonhoso”, lê-se no comunicado que fala acusa ainda o executivo de “desperdício” e de “má gestão da despesa pública”.
A agência Lusa tentou obter um comentário junto da câmara da Trofa, mas sem sucesso.
Redacção com NM