Um bebé de “apenas cinco meses” foi acolhido no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, após ter sido “deixado” pelos pais a um casal vizinho com um saco de plástico a fazer de fralda e com “queimaduras de cigarro” junto ao olho esquerdo. O caso foi contado pela unidade hospitalar, agora através das redes sociais.
“Nuno (nome fictício) foi deixado pelos pais biológicos a um casal vizinho envolto num saco de plástico que lhe substituía a fralda. Apresentava uma mancha debaixo do olho esquerdo, marca de uma queimadura de cigarro que por pouco não o cegou. Tinha apenas cinco meses”, pode ler-se na mensagem deixada no Facebook no passado sábado.
‘Nuno’ é “filho de um pai toxicodependente e de uma mãe que se ausentava para se prostituir”, tendo passado a ter “resposta no Hospital de Santa Maria às suas necessidades de saúde”.
“Foi aqui”, prossegue a nota, “que a família que o acolheu encontrou apoio para avançar no processo que garantisse a sua custódia e segurança, através do Núcleo de Apoio à Criança e Jovens (NACJ) de Santa Maria e do IAC – Instituto de Apoio à Criança”.
Apesar de não indicar quando esta situação ocorreu, o Hospital de Santa Maria revela que, “hoje”, ‘Nuno’ “vive com os seus novos pais, que lhe trocaram o saco de plástico por uma fralda e as queimaduras de beatas de cigarros por amor”.
A publicação no Facebook termina afirmando que “este foi o caso com que Ana Perdigão, jurista do IAC, concluiu, na sexta-feira, a sua conferência ‘Os núcleos: Os guardiães da saúde no sistema de protecção e protecção’, evento organizado pelo Núcleo de Apoio à Criança e ao Jovem do Hospital de Santa Maria (HSM) / ULS Santa Maria para assinalar o mês da prevenção dos maus-tratos na infância”.
Criado em 1990, o Núcleo de Santa Maria “foi pioneiro” em Portugal. Em 2023, foram sinalizados ao NACJ 258 casos.