A Biblioteca Pública de Braga (BPB) apresenta até 8 de setembro uma exposição sobre o Padre António Vieira, assinalando 320 anos da morte daquele português do século XVII, que foi missionário no Brasil, mestre da oratória e defensor dos direitos de indígenas e judeus. A entrada é livre, de segunda a sexta-feira, das 9h00-12h30 e 14h00-17h30, salvo no interregno de 14 a 25 de agosto.
A Reitoria lembra que a sua vida e obra pode ser vista numa centena de volumes em dez escaparates, incluindo títulos como ‘História do Futuro’, cuja primeira edição é de 1718, e ‘Sermão de Santo António aos Peixes’. Há ainda seis painéis verticais sobre aspetos como o percurso, a memória, as grandes causas, as edições estrangeiras, os ‘falsos Vieira’, os escritos messiânicos e os cerca de 700 sermões e 200 cartas que deixou e são estudados em academias de todo o mundo. A mostra sobre o chamado ‘Padre Grande’ entre os índios do Maranhão insere-se no ciclo ‘Efemérides’ da BPB e no 175.º aniversário desta unidade cultural da UMinho.
António Vieira nasceu em 1608, em Lisboa, e morreu no Colégio da Bahia, no Brasil, em 1697. Oriundo de família modesta, ingressou na Companhia de Jesus em 1632 e, após dois anos, fez votos de pobreza e propôs-se missionar entre os ameríndios e escravos negros. Após a sua ordenação como padre, a sua fama de pregador foi-se espalhando, perdurando até hoje. No duro período da Restauração, empenhou-se na defesa dos direitos humanos e na consolidação da independência nacional e do império português.
OBRA DE 1540 PATENTE NA REITORIA
Ainda no Complexo Largo do Paço, mas na entrada da Reitoria, a BPB revela até 29 de setembro uma das suas obras mais raras, ‘Verdadeira Informação das Terras do Preste João das Índias’, do padre Francisco Álvares (1540). É um marco do conhecimento geográfico europeu sobre o Este africano, até aí ligado a lendas, sendo Preste João na verdade o imperador da Etiópia. Francisco Álvares descreve os seus seis anos como capelão da primeira embaixada portuguesa naquela região, articulando memórias com narrativa de viagens, sistematizando os usos e costumes dos Abexins, mostrando cartas entre Preste João e o Rei português ou um diálogo com o arcebispo de Braga D. Diogo de Sousa.
A BPB tem ainda, como coorganizadora, mais três exposições abertas ao público em Braga. ‘O Património Musical da Misericórdia de Braga’ está patente até 29 de julho no Palácio do Raio, ‘O Theatro Circo e a Memória’ fica até 30 de julho na Junta de Freguesia de Palmeira, transitando de 1 a 13 de agosto para a Junta de Freguesia de Adaúfe, enquanto ‘Silêncios – uma exposição para ler’ mantém-se até 8 de setembro no B-Lounge da Biblioteca Geral do campus de Gualtar.
Luís Moreira (CP 8078)