O Movimento de Agricultores do Norte avisou esta terça-feira que vai manter os bloqueios em Valença até serem ouvidas reivindicações com “mais de 20 anos”, específicas da região, alertando para o risco de encerramento de 70% a 80% de explorações.
“Não vamos sair daqui até sermos ouvidos. Viemos como se vai para a guerra: viemos, mas não sabemos quando saímos. E vamo-nos fazer ouvir. Querem-nos sufocar, mas o nosso último grito vai ser muito alto”, afirmou à Lusa o porta-voz do Movimento dos Agricultores do Norte, que hoje se mobilizou pela primeira vez desde o início dos protestos de agricultores para mostrar que as reivindicações e problemas do Norte são “diferentes” e “agravados” em relação ao resto do país.
Fábio Viana alertou que “o Norte não é na África Central, embora esteja um bocadinho distante”, vincando que o Governo tem conhecimento dos problemas dos agricultores da região, mas não apresentou ainda qualquer resposta.
“Os nossos problemas são conhecidos pelo Governo, que tem arranjado maneira de descredibilizar a região, as áreas de pastoreio e o nosso produto”, frisou.
TRÂNSITO CONDICIONADO
Os acessos à cidade de Valença estão esta terça-feira condicionados, com a rotunda da Estrada Nacional 13 em São Pedro da Torre, Valença, e a rotunda de São Teotónio, no centro da cidade, cortadas pelo Movimento dos Agricultores do Norte.
Também a circulação na A3 está condicionada entre as portagens de Valença e a ponte internacional Valença-Tui.
Contactada pela Lusa, a GNR de Viana do Castelo sugere o acesso a Espanha e a Valença feito a partir de Vila Nova de Cerveira, uma vez que as outras entradas estão bloqueadas.
O Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com excepção das que estão dependentes de `luz verde` de Bruxelas.
A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros a 26 de Fevereiro.