O bombeiro voluntário Martinho João Lopes, de Terras de Bouro, foi esta quarta-feira condenado, a dois anos e seis meses de prisão, mas com pena a suspensa, por ter agredido um pastor ser vizinho à paulada por desavenças relacionadas com o regadio dos campos de cultivo.
No banco dos réus estava também José Lopes, pai daquele bombeiro, que foi absolvido, neste segundo julgamento pelos mesmos factos, o que constitui uma reviravolta, porque da primeira vez foram ambos condenados a sete anos de prisão efectiva, só que devido a “erros notórios de apreciação da prova” a anterior audiência foi integralmente repetida, segundo decidiu o Tribunal da Relação de Guimarães, que mandou repetir o julgamento.
Desta vez, o Tribunal considerou estar em causa um crime de ofensa à integridade física qualificada, praticado apenas pelo arguido filho, Martinho João Lopes, de 32 anos, que é bombeiro nos Voluntários de Terras de Bouro, já não uma tentativa de homicídio, que tinha sido a decisão do primeiro julgamento, em 2016.
Para o Tribunal de Braga, não ficou provado que tivesse havido intenção de matar, mas “dar uma sova” ao vizinho, António José Dias, de 68 anos, em 6 de Julho de 2013.
Martinho João Lopes terá de pagar quatro mil euros aos familiares da vítima, tal como pedira já o advogado vilaverdense Martins Costa, cabendo-lhe ainda custear em 2.400 euros as despesas hospitalares com tratamento da vítima.
Segundo Tribunal, a “sova” acabaria por ser dada pelo arguido mais novo e consumada com um cajado, quando o seu pai, José Lopes, de 66 anos, estaria a ser agredido, tendo na ocasião desferido sucessivas pauladas “violentas” na vítima, atingindo-a na cabeça, no tórax, no abdómen, nos braços e nas pernas.
Após as agressões, terá ainda atirado o pastor a uma ribanceira, após o que abandonou o local, juntamente com o pai, segundo o acórdão proferido durante esta tarde, no Palácio da Justiça de Braga, do qual haverá recurso por parte da defesa, segundo anunciou ainda o advogado João Nuno Catalão, defensor de Martinho João Lopes.
A vítima ficou impossibilitada de se locomover, tendo sido encontrada “por acaso” por um filho, num local ermo da aldeia de Padrós, na freguesia de Chamoim, em Terras de Bouro.
António José Dias, residente na mesma localidade, esteve 391 dias internado por doença e foi submetida a três intervenções cirúrgicas, tendo falecido em Fevereiro de 2015, mas de morte natural, sem que se tivesse estabelecido qualquer relação com as agressões, já que mais tarde pereceu por hemorragias não traumáticas.