A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) vai promover várias centenas de bombeiros para poderem reforçar o dispositivo contra fogos que aumenta de nível já esta sexta-feira, mas associação do sector está contra.
Os bombeiros estagiários que ainda não terminaram o curso podem ter de avançar para o combate aos fogos deste verão, avança o JN.
Há cerca de dois mil jovens, entre os 17 e os 45 anos, que viram o curso suspenso por causa da pandemia da covid-19.
De acordo com um despacho da ANEPC, várias centenas de bombeiros vão receber uma promoção administrativa, caso tenham terminado a formação com aproveitamento e tenham feito pedido de exame distrital até dia 31 de Março.
Com este despacho, os estagiários são equiparados a bombeiros de 3.ª, ficando obrigados a fazer exame até ao final de 2020.
O objectivo da ANEPC é reforçar o dispositivo contra fogos que aumenta de nível a 15 de Maio.
SÓ COM SEGUROS
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses garante à TSF que os bombeiros em processo de formação estão preparados para assumir funções. “Eles têm toda a formação, todos os módulos necessários” e acrescenta, “a única coisa que falta é o canudo”, diz Jaime Marta Soares.
Quanto à garantia de cobertura dos seguros para estes novos bombeiros, Jaime Marta Soares garante que há garantia total de cobertura. “Entram em actividade se houver garantia total dos seguros. Está tudo analisado, não foi nada feito em cima do joelho. Se o seguro não cobrisse, nós nem equacionariamos essa solução”
O responsável pela Liga lembra que o combate aos incêndios florestais é apenas uma parte do trabalho dos bombeiros. “Os incêndios florestais correspondem apenas a 6 a 7% da actividade dos corpos de bombeiros”, esclarece.
“CARNE PARA CANHÃO”
O sector não vê a proposta com bons olhos, considera que os jovens serão “carne para canhão” e lamenta que seja necessário recorrer a estagiários para responder à falta de operacionais.
As associações de bombeiros lamentam a decisão e lembram que os bombeiros estagiários não estão abrangidos por seguros obrigatórios, têm apenas apólices para formandos.
Em declarações ao JN, o líder da Associação Portuguesa de Bombeiros Voluntários explica que os seguros são feitos pelas câmaras e teme que cheguem tarde de mais.
João Marques exige clarificação para saber se os jovens vão ter uma actualização nos conhecimentos e quantos estagiários cada equipa deve integrar.
Otávio Machado, dos Bombeiros Voluntários de Palmela, teme que os estagiários sejam “carne para canhão” e lembra que a ANEPC criou um problema, porque sem seguro não é claro quem assume a responsabilidade, caso aconteça algum problema em combate.
Há riscos associados como intoxicações, queimaduras e exaustão, lembra Carlos Silva da Fénix.
A Fénix – Associação Nacional de Bombeiros e Agentes da Protecção Civil considera que se trata de um retrocesso no sistema, porque os estagiários não estão prontos para operar nestes cenários, mesmo que supervisionados
A proposta partiu da Liga dos Bombeiros Portugueses. Jaime Marta Soares explica que é uma questão de emergência e afirma que ninguém sabe quando é que estes jovens podem terminar o curso. Para evitar desistências, defende, o melhor é avançarem já.
Redacção com JN e TSF