Braga acolhe entre 3 e 5 de Agosto o festival Sons do Noroeste, um festival de música que, a partir da praça Municipal, celebra os sons construídos a partir do noroeste peninsular, para a contemporaneidade e para o mundo.
Promovido pelo município, com organização da associação Arca de Sons, o festival nasceu em 2021, no âmbito da Braga Capital da Cultura do Eixo Atlântico.
“Braga sempre foi a capital histórica da Galécia antiga – a milenar região correspondente à actual euro-região do Eixo Atlântico – e esta pretende ser uma iniciativa cultural agregadora, de celebração e respeito pelo seu passado, mas ainda mais pela ânsia de se poder reinventar para o futuro”, diz a organização
A aposta da organização é feita em grupos e músicos dos dois lados da fronteira, que se têm evidenciado num trabalho de excelência em torno da Música de Raiz com influências evidentes do Folk, do Jazz e da World Music.
“O desafio proposto é o de parar para contemplar e perceber que ainda se pode fazer música com tempo, com muito rigor e com muito do que somos, com o que nos corre no sangue e que nos distingue enquanto povo e enquanto criadores de cultura nesta euro-região”, refere.
O festival volta “a apostar, a promover e a apoiar a criação artística musical nestas áreas, lançando desafios a músicos e a projectos do noroeste da Península Ibérica, com o intuito de mostrar novos caminhos para as nossas sonoridades únicas… num mundo global que tende a standardizar em demasia”.
PROGRAMA
3 de Agosto
Dia da Terra
O primeiro dia do festival Sons do Noroeste, tem como missão declarada o trabalho em torno da recriação da música de raiz, da música do concelho, por instituições bracarenses.
Neste ano, há, porém, uma proposta adicional com os convidados muito especiais da orquestra de Jazz do Douro, numa mostra do que pode e deve ser feito a partir das recolhas tradicionais (neste caso da região contígua ao Minho – Trás-os-Montes e Alto Douro, e do seu bom exemplo na reinterpretação das suas músicas de raiz, apontando a outras abordagens).
3 Agosto
21h00 | O Valdeste (PT)
‘Valdeste e os seus moinhos, músicas e histórias’, é um concerto – complementado com exposição e palestras, que gira em torno da recolha, recriação, criação e reflexão sobre a importância do rio Este na fundação da cidade.
É um espectáculo especial, criado de raiz para o festival Sons do Noroeste, sob a direcção artística de Daniel Pereira Cristo e direcção histórica de Casimiro Pereira, em parceria com a associação decana oriunda da aldeia onde nasce o rio brácaro – o Grupo Cultural de S. Mamede de Este (e a sua secção de música Origem Tradicional). A eles juntam-se uma série de convidados especiais: associações culturais, artistas e músicos, numa celebração do Vale d’Este (do seu início por S. Mamede, S. Pedro, Tenões, S. Victor… até à sua chegada ao Rio Ave, já bem perto do Atlântico, no concelho de Vila do Conde).
O concerto pretende ter uma importância pedagógica e, a partir da música, passar o conhecimento da importância do rio na história bracarense e apelar e alertar para a sua valorização e preservação.
22h00 | Orquestra Jazz do Douro (PT)~
‘Jazz in Douro’
Neste projecto, a Orquestra de Jazz do Douro propõe uma viagem artística ao universo afecto ao Douro Internacional, constituindo-se como a primeira obra musical contemporânea de carácter jazzístico, numa recriação das recolhas tradicionais da região do Douro, sendo o propósito maior recriar e reinterpretar a sua identidade cultural através de um produto artístico multidisciplinar, veiculado a nível local, nacional e internacional.
Em suma, são nove temas originais escritos com base em recolha etnomusicológica (levada a cabo na Região de Trás-os-Montes e Alto Douro e na Província de Castela e Leão), bem como na investigação realizada a partir de registos escritos, sonoros e visuais, característicos da região e representativos dos autores e conteúdos aqui artisticamente celebrados.
4 de Agosto
21h00 | PÄRBO
Begoña Riobó e Anxo Pintos (Galiza)
Begoña Riobó e Anxo Pintos, são duas referências da música tradicional galega. Violino, harpa celta e voz solo de Riobó, e sanfona e 2º violino de Pintos. Ambos têm um incrível percurso como músicos que os precede como intérpretes, compositores e formadores de inúmeros músicos tanto na Galiza como a nível internacional (são os dois mestres da ETrad de Vigo – a escola de referência na música tradicional galega).
Begoña Riobó é uma violinista e harpista de referência no panorama do tradicional e do folk galego.
Anxo Pintos é um dos mais notáveis músicos e compositores da Galiza, multi-instrumentista, colaborou com inúmeros músicos e grupos míticos da folk mundial (Milladoiro, The Chieftains, Wu Tong… entre outros e era o líder musical da já extinta e icónica banda do novo folk galego – Berrogüetto).
Neste concerto, que reflecte aquilo que de melhor se faz na música e sonoridades galegas em todo o seu esplendor, trarão consigo a Braga, um percussionista convidado especial.
22h00 | Catarina Carvalho Gomes (PT)
‘Novas Canções da Terra’ é o álbum de estreia de Catarina Carvalho Gomes enquanto cantautora. A actriz apresenta um trabalho a partir das temáticas do cancioneiro tradicional e de intrínseca relação com a língua portuguesa, dado o seu interesse pelo texto teatral e poético.
Escreve sobre luto, fascínio, conflito geracional e património, relacionando os ciclos emocionais do ser humano com os ciclos naturais da flora, priorizando sempre a voz enquanto instrumento. Celebra a terra e os seus proveitos, aprecia a vida, admira a morte, com alegria e inevitabilidade.
5 de Agosto
21h00 | Abe Rabade (Galiza)
Pianista e compositor nascido em Santiago de Compostela a 8 de Setembro de 1977. Conta com quinze discos como líder (sendo ‘Botânica’ o mais recente, editado por Nuba Records em 2022). Estreou duas composições sinfónicas (‘Trânsitos’ em 2015 e ‘Tempos Velados’ em 2018) e mais três obras poético-musicais (‘Rosália 21’ no ano de 2008, ‘Travessia dos Poetas’ em 2010 e ‘Lorca Namorado’ em 2019).
É autor de 200 composições em variados estilos musicais: jazz, clássica, experimental e músicas de raiz. Actua em nome próprio e também com inúmeras figuras de reconhecido prestígio internacional, em concertos e festivais por todo o mundo.
22h00 | O Tempo não Parou (PT)
‘A Poesia Canta’ é um projeto de criação própria, que procura unir poesia e música de forma harmoniosa, transformando poemas em canções que misturam elementos da música tradicional portuguesa, do jazz e da música electrónica.
O projecto apresenta a adaptação de poemas do poeta Carlos Poças Falcão para canções. A formação do grupo inclui Quiné Teles na percussão, Carl Minnemann no baixo, Paulo Barros no piano, Catarina Silva e Carla Carvalho na voz e Hélder Costa na produção e direcção artística.
O objectivo é oferecer ao público uma experiência única, homenageando a união entre a poesia e a música. A música tradicional portuguesa é um elemento importante na formação do estilo musical do projeto, e a mistura com o jazz e da electrónica proporciona uma nova dimensão e profundidade às canções.