Os alunos do segundo ciclo do Colégio Dom Diogo de Sousa emocionaram, esta sexta-feira, Catarina Furtado, até às lágrimas, quando entoaram uma canção de Mariza, na sessão dupla de apresentação do livro “O que vejo e não esqueço” da embaixadora de Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População Mundial.
Fonte do colégio católico adiantou que “ao ouvir centenas de vozes a cantar “É preciso perder para depois ganhar; é preciso querer ver, acreditar. É a vida que segue e não espera pela gente. (…) Creio que a noite sempre se tornará dia e o brilho que sol irradia há-de sempre nos iluminar. Sei que o melhor de mim está para chegar”, a apresentadora de televisão não se conteve e emocionou-se”.
“ Não imaginam o que significa para mim estar aqui. Estou emocionada e comovida e vou levar-vos de Braga para Lisboa”, disse a apresentadora televisiva.
Foi este um dos momentos altos da dupla sessão que reuniu alunos do segundo ciclo e do secundário no auditório Monsenhor Elísio Araújo, tendo os do grupo de voluntariado “Sorrisos por minuto” dramatizado experiências relatadas no livro que a fundadora de “Corações com coroa” apresentou em Braga.
Na ocasião, Catarina Furtado começou por lamentar que os “Direitos Humanos infelizmente não sejam colocados na primeira linha das prioridades”, especialmente os direitos das mulheres que merecem uma “vida mais digna e saudável”.
“Uma vida é um mundo”.
A apresentadora de televisão lembrou que a sua missão tem se der “vivida com a mesma dignidade da profissão” para “deixar pegadas úteis e viver intensamente, para não passar por aqui sem fazer nada pelos outros. Não devemos perder demasiado tempo a olhar para nós, esquecendo os outros”.
Deu conta dos principais momentos do seu trabalho como Embaixadora de Boa Vontade em prol das raparigas e mulheres do Planeta terra em que o “sofrimento é igual para todos” e se “conseguirmos salvar a vida de uma mãe ou colocar uma rapariga na escola, ganhamos um mundo inteiro. Uma vida é um mundo”.
A conferencista, após ter conhecimento do trabalho do grupo “Sorrisos por minuto”, sustentou que os “direitos das mulheres não são menores e o nosso trabalho é redobrado: defender direitos sexuais e reprodutivos da mulher reduz a pobreza, mas enfrenta muitas barreiras das tradições como as do Gana onde as raparigas são obrigadas a casar aos 15 anos. Acresce que a escolaridade das raparigas é muito baixa e defendeu o combate a estas barreiras culturais: “não podemos atacar. Temos de calçar os sapatos dos outros. Contornar os obstáculos, os tabus, as tradições seculares, com uma grande capacidade de jogo de cintura”.
Lembrou, por outro lado, que é assustador saber que “a gravidez é a principal causa de morte das raparigas”, acrescentando que uma em cada cinco (67 milhões de moças) casa antes dos 18 anos, e milhões não frequentam a escola o que permite aos rapazes mais oportunidades que elas na saúde, no trabalho e na vida”.
Há uma barreira para a tradição – argumenta Catarina Furtado: “as tradições não podem violar os Direitos Humanos”, mas, num tempo em que a Humanidade nunca teve tantos jovens, existe a esperança de “nova energia, criatividade” para alterar este estado de desigualdade”.
Nesse sentido, dirigiu um desafio aos alunos: “saibam gerir bem o vosso tempo, doseiem bem o tempo e não se distraiam com o tempo. A educação das raparigas é um instrumento vital de combate à pobreza. Cada um de nós conta para a transformação do mundo”.
Por isso, estranhou que a comunicação social reserve um lugar secundário para os Direitos Humanos e censurou “perigosos exemplares” de programas televisivos.
Sem papas na língua mencionou programas como “Casa dos Segredos” ou “Quinta das Celebridades” que mostram “pessoas à batatada dentro da TV” ou “cenas debaixo do edredão”, para falar de alguns problemas das raparigas portuguesas, como “o Bullying ou a violência no namoro que estão a aumentar muito em Portugal.
Esta jornada foi antecedida de uma venda solidária de velas que ascendeu a mais de 800 euros que revertem para a Associação“Corações com coroa” criada por Catarina Furtado que tenta fazer com que os “direitos das mulheres sejam direitos humanos”.
Nomeada em 1999, por Kofi Annan, Embaixadora da Boa Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População Mundial, bem cedo se tornou campeã dos Objectivos do Milénio.
No final, o Diretor do Colégio, Cândido Azevedo de Sá não escondeu a sua vaidade e orgulho pelas duas sessões: “Sinto-me muito vaidoso, orgulhoso de vós, dos vossos professores que nos e vos ajudam a criar esta cultura de solidariedade com o outro”.
A Escola que é frequentada por mais de 1900 alunos, desde a Educação Pré-escolar até ao 12.º ano do Ensino Secundário.
Luís Moreira (8078)