A Câmara de Braga acusa a empresa Águas do Norte de ser responsável, direta ou indiretamente, pelo lançamento de efluentes no rio Cávado que levaram a Agência Portuguesa do Ambiente a declarar interdita a banhos a praia fluvial de Merelim São Paio. A maior do concelho. E diz que, quer o SEPNA da GNR quer a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) não fiscalizam e não atuam sob os focos de poluição, a maioria deles oriundos da margem direita do curso de água em Amares e em Vila Verde.
Lamentando que Braga seja vítima de descargas que vêm “do outro lado”, o vereador do Ambiente, Altino Bessa, que não culpa os dois municípios vizinhos, disse ao Press/Minho/ O Vilaverdense que as recolhas de água e consequentes análises batereológicas feitas pelo município em 2017, provam que a maioria dos despejos ocorrem naqueles dois concelhos.
Em sua opinião, a Águas do Norte devia, em parceria com o SEPNA da GNR e a APA, “fiscalizar as margens, para detetar os infratores e impedir as descargas”.
O tema foi analisado, esta segunda-feira, na reunião camarária bracarense, tendo sido levantado pela oposição (PS e CDU); o autarca da maioria PSD/CDS explicou que enviou um pedido de revogação da proibição à APA, documentando as descagas e pedindo a reposição da situação, ou seja, a declaração de que a praia pode ser frequentada por banhistas.
FOCOS POLUIDORES
No documento enviado à APA, Altino Bessa diz que a Câmara fez 308 análises, com dois parâmetros bacteriológicos, durante 22 dias, em sete locais, entre março e setembro de 2017. Concluiu que a maioria das análises negativas provêm de Vila Verde e de Amares, e aponta os seguintes focos poluidores: margens do rio Homem, Ribeira das Pontezinhas, Autocarro Bar, Mirante Bar (foz do rio Homem); na margem direita do Cávado diz que, do lado de Vila Verde há poluição no ribeiro de Barges e a jusante de Prado.
Acentua que dos 38 resultados negativos das análises, 31 estão do lado daqueles dois municípios.
Destaca, entre os focos poluidores mais importantes, o do Mirante Bar. Bessa diz que lançou, há cinco anos, um plano de melhoria da água no Cávado, para relevar que “não é admissível que as descargas ocorram em Vila Verde e seja a praia da margem de Braga a prejudicada”.
VILA VERDE DESPOLUI
Contactado a propósito, o presidente da Câmara de Vila Verde diz que não comenta afirmações de municípios vizinhos. Mas vai assinalando que, em 2017, se dizia que a poluição do rio vinha do lado de Braga, com tubos a despejar para o Cávado, algo que acredita possa já ter acabado.
Acrescenta que Braga pode “ter alguma razão” no que toca à Águas do Norte, já que há um ou dois intecetores que nem sempre funcionam bem, sobretudo no Inverno com as chuvas a provocarem transbordos.
No que toca a Vila Verde, diz que a monitorização do rio é feita de forma permanente, sobretudo na época balnear, e garante que em 2017 apenas, em duas análises, foram encontrados parâmetros negativos.
Salienta que foram construídos vários intercetores de efluentes urbanos ao longo do rio, que os conduzem para a moderna ETAR (Estação de Tratamento) de Cabanelas.
Lembra que várias etar’s ou mini-etar’s que não davam garantias foram desativadas e que estão a ser feitos (ou já se concluíram) investimentos vultuosos, de vários milhões, em redes de saneamento, em Barbudo, Soutelo, Vila Verde, Prado, Cabanelas e Cervães, além de muitos outros de menor dimensão em todo o concelho.
O autarca estranha que, em 2017 as autoridades tenham interditado a praia do Faial, em Vila Verde e, este ano, se tenham voltado para a de Braga.
Carlos Machado Silva (CP 3022) com Luís Moreira (CP 8078)