As clínicas de tratamento de piolhos são a nova tendência de negócio em Portugal, com dezenas de espaços a abrirem nos últimos meses e em que as principais pacientes são adolescentes contagiadas durante as selfies, crianças, mães e avós. Na luta contra esta ‘epidemia” esta uma clínica de Braga.
Num gabinete da clínica ‘Sem Mais Piolhitos’, com loja em Braga, estão duas adolescentes de telemóvel em punho, sentadas numa espécie de poltronas dentárias, com as mechas de cabelos louros agarrados com molas, onde técnicas equipadas de bata, luvas e touca catam piolhos e lêndeas com lupas, de cinco dioptrias, e aspiradores especiais que sugam os parasitas.
“O facto de haver mais raparigas relaciona-se com as selfies de telemóvel que as leva juntarem as cabeças”
O boom de clínicas em Portugal explica-se com o “desespero dos pais, que não conseguem combater os piolhos a nível doméstico”, explicou à Lusa Sílvia Freitas, administradora-gestora da ‘Sem Mais Piolhitos’ em Portugal, marca que desde Setembro abriu centros de tratamento em Braga, Porto, Vila do Conde, e Maia. Para 2020 quer abrir em Famalicão, Viseu, Leiria e Lisboa.
Às salas de espera das clínicas chegam bebés de colo, alunos do ensino básico, adolescentes, universitárias, mas também mães e avós contagiadas pelos mais novos. Um tratamento custa 50 euros, em média, e tem a duração de uma hora, que pode variar conforme tamanho do cabelo e número de parasitas.
“Temos muito mais meninas do que meninos em tratamento, e surpreendeu-nos a quantidade de adolescentes que nos procuram”, revela Sílvia Freitas, justificando o fenómeno das adolescentes com smartphones que passam muitas horas por dia juntas na escola e cuja diversão mais popular é tirar selfies e a fazer vídeos para as redes sociais.
O facto de haver mais raparigas relaciona-se com as selfies de telemóvel que as leva juntarem as cabeças, mas também porque dormem em casa umas das outras, abraçam-se mais e têm os cabelos grandes.
Sílvia Freitas assegura que “quem tem telemóvel tem mais piolhos do que quem não tem telemóvel”, porque os piolhos “precisam de passar de cabelo em cabelo para alcançarem outro hospedeiro” e as novas tecnologias vieram propiciar mais pontos de contágio.
A especialista avisou que é um “mito” pensar que se podem matar os piolhos com a utilização de perfume no cabelo
Marlene Silva é uma mãe à beira de um ataque de nervos que já foi parar ao hospital com dores de costas por ter estado oito horas consecutivas a espiolhar os filhos. A solução encontrada foi ir ela e mais sete crianças – filhos, amigos dos filhos e sobrinhos – para o centro de tratamento. Nesse dia gastou 350 euros.
Segundo o jornal Telegraph, um estudo apresentado em 2017 na conferência da Associação Britânica de Dermatologistas do Reino Unido já relacionava piolhos na adolescência com as selfies.
A ‘época alta’ do piolho são os ‘pós festivais de Verão’, final do ano lectivo e rentrées escolares.
Redacção com TSF