O porteiro e alegado segurança do conhecido Bar Insólito acusado de agressão a um cliente em Março de 2015 que se encontra em estado vegetativo desde dessa data, afirmou esta sexta-feira no Tribunal de Braga que apenas se defendeu com “um estalo”. É acusado um crime de ofensa à integridade física qualificada e de um crime de exercício ilícito de segurança privada.
Carlos, de 45 anos, alegou na primeira sessão do julgamento que foi agredido, ameaçado e insultado pelo cliente, na altura com 39 anos, que se fazia acompanhar por um grupo de meia centena de ‘metaleiros’ bêbedos e “alucinados”.
Na sequência do “estalo de mão aberta” que “não foi assim com tanta força” –nas palavras do arguido-, a vítima desfaleceu.
A versão do Ministério Público (MP) é diferente. Segundo a acusação, a vítima foi agredida com “um violento estalo”, seguido de dois murros na cara, e, tendo caído desamparado, bateu com a parte de trás da cabeça no chão e ficou inconsciente, a sangrar da cabeça e da boca.
Fruto das lesões, o homem mantém-se, desde então, em estado vegetativo, não falando e sendo alimentado por uma sonda.
O MP diz que a agressão surgiu após um desentendimento relacionado com o cartão de consumo que a vítima não queria pagar, o que arguido confirma.
É acusado de ter actuado “por sentimentos de cólera, baseados em motivos fúteis ou insignificantes”, o que é negado pelo arguido que explicou que perante a recusa do grupo em aguardar pelo gerente e face a ameaças, insultos e agressões se viu obrigado a defender.
A acusação sustenta ainda que o arguido não tem cartão profissional que o habilitasse para o exercício de segurança privada, o que é negado pelo gerente do ‘Insólito’, também arguido.
Acusado pelo MP de um crime de exercício ilícito de segurança privada, Manuel, o gerente do estabelecimento nocturno frequentado sobretudo pela comunidade universitária, afirmou que Carlos já ali tinha trabalhado no mas nunca como segurança, fazendo apenas “portaria”, entregando e recebendo os cartões de consumo, explicando que o ‘porteiro’ tinha na altura arranjado emprego, como mecânico, mas nunca deixou de frequentar aquele bar, dando “uma ajuda” ao gerente “de vez em quando”.
Depois do crime, o bar passou a ter segurança, a cargo de uma empresa da especialidade.
FG (CP 1200) com JN