Os ajuntamentos de jovens continuam a preocupar as autarquias e autoridades, mas a possibilidade de punições admitida por António Costa não é vista como uma solução para o presidente da Câmara de Braga. Já o a associação sindical da PSP reconhece que os agentes temem o risco de contágio por covid-19.
Ricardo Rio defende um reforço policial nas ruas, apesar de acreditar que as regras existentes são suficientes, caso sejam aplicadas e fiscalizadas.
“Não deve haver um quadro legal específico para este tipo de situação, sob pena de pormos em causa o respeito das pessoas pelas regras”, explicou esta segunda-feira em declarações à TSF.
Ricardo Rio conta que tem havido vários ajuntamentos na cidade e botellóns (reuniões de jovens em áreas públicas para socializar enquanto bebem álcool), nomeadamente na zona dos bares da Sé, Campo das Hortas e Largo da Carvalheira, e que estes vão mudando de lugar após as intervenções das autoridades, o que leva Ricardo Rio a apelar à existência de mais agentes na rua para “dissuadir a presença dos jovens”.
Também à TSF, Rui Pereira, professor de Direito e antigo ministro do PS da Administração Interna, avisa que a lei como está feita não chega para travar muitas das festas e ajuntamentos de jovens.
“Se os jovens forem fazer uma festa de 200 pessoas para um sítio qualquer, com cervejas, proximidade, sem máscaras e sem nada não estão a cometer nenhuma infracção. Se a polícia aparecer lá e os mandar parar e se disser “têm de acabar com este ajuntamento” e se não acabarem estão a cometer o crime de desobediência”, explica.
As declarações de Ricardo Rio, surgem um dia depois de António Costa, admitir a criação de um “quadro punitivo” para quem organizar e participar em festas ilegais e ajuntamentos e voltou a apelar ao cumprimento de todas as regras de segurança.
“O fim do período de confinamento obrigatório deu-nos mais liberdade, mas também mais responsabilidade. Depois de termos feito tudo bem até aqui, agora não vamos estragar. Senão é uma chatice ter as forças da ordem a actuar e autuar”, afirmou o governante este domingo.
A PSP está cada vez mais a ser chamada para desmobilizar jovens em festas devido às regras estabelecidas por causa da pandemia e, por norma, tem conseguido dispersar os participantes destes ajuntamentos de forma pacífica.
Paulo Rodrigues, presidente de Associação Sindical dos Profissionais da Policia (ASPP/PSP) admite que existe preocupação com a segurança dos agentes.
“Claro que os polícias são sempre aqueles que estão na linha da frente e, quando vamos resolver uma situação destas, o nosso risco de contágio aumenta consideravelmente. Por isso, como é evidente, estamos sempre numa situação muito complicada, de insegurança – não só pelo problema da integridade física, mas também pela possibilidade de ser contagiados”, explica à TSF.
Fernando Gualtieri (CP 1200)
Fotos José Afonso Matos/Facebook