A maioria dos vereadores da Câmara de Braga, do PSD/CDS e do PS, reprovaram, esta segunda-feira, a proposta do comunista Carlos Almeida, da CDU, de classificar o edifício do antigo cinema São Geraldo como “bem cultural de interesse municipal”.
Na reunião do executivo, e antes da votação, o autarca Ricardo Rio, sugeriu a retirada da proposta, dado que os serviços jurídicos do município sustentam que a mesma é ilegal. A lei impõe que, – disse – quando um dado imóvel pertence à Igreja Católica – ou outra – apenas o Estado pode apresentar tal desiderato.
Carlos Almeida insistiu na manutenção da proposta, dizendo que era apenas um problema de “interpretação” jurídica e perdeu a votação, ainda que com o voto favorável da vereadora do PS, Liliana Pereira. Mas garantiu que não desiste.
Em sua opinião, a valorização do antigo cinema devia ser uma opção política do município. Prometeu estudar o dossier e as objeções do departamento jurídico, não pondo de parte a hipótese de reapresentar a classificação do prédio.
No final, Ricardo Rio reafirmou que “o S. Geraldo não tem interesse patrimonial”, vincando que “não há enquadramento político e financeiro para mudar de posição sobre a matéria”. Ou seja, a Câmara não tem meios para comprar o São Geraldo e, muito menos, para a sua recuperação que custaria vários milhões. E tem duas estruturas culturais, o Theatro Circo e o Gneration, onde investe avultadas somas em programação cultural.
O tema tem sido alvo de debate na cidade, já que um grupo de cidadãos – maioritariamente próximos do Bloco de Esquerda – pretendia que a Câmara adquirisse o terreno, evitando o projeto imobiliário e comercial que a Arquidiocese ali vai fazer. O assunto será, previsivelmente, um dos que vai tentar agitar a próxima campanha eleitoral autárquica, nomedamente entre o BE, a CDU e o próprio PS, na oposição.
Na ocasião, Ricardo Rio revelou, ainda, que o Arcebispo de Braga se reuniu, esta segunda-feira, com a direção da ASPA- Associação de Estudo e Defesa do Património local, tendo dito que abdica do projeto para o São Geraldo “se houver uma proposta irrecusável”, que inclua uma indemnização ao promotor imobiliário.
Já Hugo Pires, número um dos vereadores socialistas explicou que a posição dos serviços jurídicos, obrigou à mudança do sentido de voto já que o PS não podia apoiar uma ideia ilegal. Depois, Liliana Pereira insistiu na compra do edifício e deixou críticas a Ricardo Rio, dizendo que a aquisição custaria apenas o dobro do que foi investido na vinda para Braga do Rali de Portugal.
Luís Moreira (8078)