Um grupo de credores da Britalar acusa o seu gestor, António Salvador de ter colocado dados “inverdadeiros“ no PER- Plano Especial de Recuperação que apresentou aos 657 credores, a quem deve 49 milhões de euros.
O grupo do ‘Calote’, onde participam as firmas Serralharia Cunha, Vidraria S. Miguel, FOC, Cruz & Cruz e Flosel, mandou um documento à administradora judicial, Clarisse Barros, pedindo-lhe que dê indicação de reprovação do PER e que investigue os negócios entre a Britalar e cinco sociedades do empresário.
Num outro documento enviado ao processo e a que o PressMinho teve acesso, afirmam que a carteira de obras em curso para 2016, de 13 milhões de euros, “é falsa”, o mesmo sucedendo com a carteira de encomendas, e com a declaração de património – já que está tudo hipotecado. E o mesmo sucede com o Quadro de pessoal, que já não tem engenheiros.
A firma, criada em 1994 com sete milhões de euros de capital social, adianta que tem sete obras para acabar este ano, mas os credores contrpõe que estão todas terminadas, pelo que nada há a faturar.
A construtora refere que tem três clientes principais, a Parque Escolar, a Consfly e a Câmara de Paredes, mas o grupo de credores assegura que “não tem nenhum”. Com a Comfly, “já terminaram as obras e não tem novas, a empreitada da Câmara de Paredes já acabou e não tem mais nenhuma”, e quanto à Parque escolar, sublinham que “são obras da ABB- Alexandre Barbosa Borges que estão praticamente terminadas”.
Quanto à possibilidade de construção de um hospital, dizem que “não existe nenhum contrato, e que, de resto, o grupo Trofa Saúde diz que nada tem a ver com a Britalar”. Quanto a trabalho com a Continental sublinham é uma obra 100 por cento da ABB. “Basta contactar o dono da obra”.
O PER afirma, ainda, que a Britalar está ativa em Moçambique, mas, a verdade – garantem – é que “a empresa fechou em Maputo e todo o equipamento foi arrestado”.
O grupo, que se intitula do ‘Calote’, põe em causa a lista de fornecedores externos, dizendo que “apenas a ABB pode manter relações comerciais com a Britalar”.
Estaleiro vazio
No que toca aos bens que indica, oito apartamentos (três em Vila Franca de Xira e cinco em Braga, no edifício Liberdade Street Fashion), três escritórios em Braga, três terrenos (dois em Braga e um em Loulé) e a Quinta da Naia, em Braga, afirmam que “todos eles estão hipotecados, não valendo, sequer, o valor das hipotecas”.
O mesmo sucede com o equipamento da construtora – veículos incluídos – que foi todo penhorado e ou foi vendido. “Significa que nada tem e que o estaleiro está vazio ”, insistem
Acresce que, “os alvarás caducaram, e não foram renovados, e, agora, nem quadros técnicos possui no quadro de pessoal para que lhe possam ser atribuídos novos alvarás: “basta consultar as folhas de pagamentos à Segurança Social”, assinalam.
Por isso – prosseguem -, a Britalar não pode concorrer a obras novas”.
Acrescenta que “nem tem, tão pouco, capacidade de obter as garantias bancárias para poder entrar em concursos. E todos os bancos sabem que a Britalar é inviável”.
E a concluir: “Dada a falsidade de todas as declarações de bens patrimoniais e não patrimoniais, conclui-se que a solução da Britalar é a insolvência imediata”.
A Britalar apresentou ao Tribunal de Famalicão um segundo PER no qual se propõe pagar, em regra, 34 dos 45 milhões que deve a 560 credores, em 150 prestações.
O gestor da Britalar, António Salvador, não comenta.
Luís Moreira (CP 8078)