A Califórnia tem uma nova agência de certificação de professores de português, situada na Universidade Estadual de San Diego (SDSU) e oficialmente reconhecida pela Commission on Teaching Credentialing, para aumentar o ensino da língua no estado norte-americano.
O processo demorou cerca de um ano e foi possível concretizar com o apoio financeiro da FLAD – Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, o trabalho da Coordenação do Ensino de Português nos EUA/ Instituto Camões e do professor Ricardo Vasconcelos, director do Departamento de Espanhol e Português da SDSU.
“A agência corresponde a um exame em que o departamento avalia as competências linguísticas, a fluência, a proficiência, o uso de gramática, a correcção de qualquer falante de língua portuguesa para verificar que corresponde aos mínimos requisitos da CTC”, explicou à Lusa Ricardo Vasconcelos.
A campanha de promoção do exame começou junto de alunos e membros da comunidade e está agora a ser feita nas escolas públicas do condado escolar de San Diego. A ideia é verificar quais são os professores de outras disciplinas que saibam falar português e possam ter interesse em adoptar uma segunda credencial.
“Esse é um dos objectivos, tornar pessoas que estejam no distrito escolar e que sejam falantes de português habilitadas para ensinar a língua nas próprias escolas”, referiu Ricardo Vasconcelos.
EXAME GRATUITO
Esta é apenas a segunda agência de certificação de professores de português na Califórnia e a primeira no sul do Estado. A outra situa-se no norte, em Turlock, onde há uma grande comunidade de origem portuguesa.
Com o apoio a três anos dado pela FLAD, o exame é gratuito, sendo que qualquer pessoa com uma licenciatura pode inscrever-se. A certificação pela CTC exigirá depois outros requisitos, dependendo dos casos – por exemplo, alguém que esteja credenciado para o ensino de línguas já terá mais requisitos cumpridos.
“O nível de proficiência exigida é o intermédio alto”, indicou Ricardo Vasconcelos, o que significa que não se cinge a nativos de português. “Pode ter um impacto muito positivo. A ideia é, por exemplo, os alunos que às vezes terminam os cursos de línguas e não sabem o que vão fazer com aquela licenciatura, terem uma dupla credencial”.
Isto é particularmente importante numa altura em que a procura pelo ensino de línguas está em queda nos EUA e há um questionamento em relação ao valor económico associado aos graus das Humanidades.
“Há uma baixa no número de alunos que querem estudar línguas, cerca de 20%, segundo os relatórios da Modern Language Association”, disse o professor. “E isso é para todas as línguas, desde o espanhol até ao português, passando por alemão ou russo”.
A quebra começou na pandemia de covid-19 e manteve-se nos anos seguintes. Os alunos começaram a procurar cursos que proporcionam salários mais altos logo após a conclusão da licenciatura, como é o caso de áreas ligadas à engenharia.
Com Jornal Económico