A Câmara de Esposende aprovou, em reunião do Executivo e por unanimidade, uma moção que será submetida à apreciação e votação da Assembleia Municipal de Esposende, já na sessão ordinária do próximo dia 29.
A autarquia assume uma categórica posição de “defesa da população de Apúlia, porque fica privada de serviços públicos bancários de proximidade”, agravado pelo encerramento verificado, anteriormente, em freguesias vizinhas, “deixando a parte sul do concelho, com mais de 10 mil habitantes, sem qualquer agência bancária para resposta às necessidades das populações”.
Para o município, a decisão de encerramento da agência configura “uma falta de respeito pelos direitos dos seus clientes e de toda a população e, numa visão mais ampla, representa um duro golpe para o desenvolvimento económico de Apúlia, em particular, e do concelho de Esposende, em geral”.
Na moção, a autarquia lembra que a medida é “particularmente gravosa para a população idosa, dependente desta única agência existente na vila”, sustentando que “sem condições de mobilidade para acederem às agências situadas na sede do concelho e sem literacia informática para poderem solucionar as burocracias associadas pela via digital, a ausência de um serviço de proximidade representa uma dura machadada para cidadãos que tanto contribuíram para a evolução do concelho e do país e para o enriquecimento das instituições bancárias que agora as descartam da forma mais mesquinha”.
LÓGICA DO LUCRO
“Este encerramento da dependência bancária significa, também, um duro revés para os comerciantes e pequenos empresários que, desta forma, veem-se privados de mais um serviço de proximidade, tão importante para a dinamização da economia local”, sublinha a moção.
“Por último, não podemos deixar de criticar esta decisão de encerramento da Agência BPI de Apúlia, por ocorrer em contraciclo. Num momento em que todos os indicadores socioeconómicos apontam para o crescimento sustentado do concelho de Esposende, com o aumento da população, o aumento das exportações, a fixação de novas empresas e crescimento das existentes, esta decisão de encerrar a única instituição bancária presente em Apúlia significa uma decisão de gestão pouco razoável”, refere, ainda, a Câmara Municipal, acrescentando ter o “dever moral” de se opor à decisão da referida entidade bancária.
Reconhecendo que o encerramento de agências tem sido uma prática comum dos bancos, “numa lógia assente apenas na obtenção do lucro, desumanizando o sector e afastando-se dos mais vulneráveis e necessitados”, o município recorda “o momento em que a banca entrou em crise e o Estado recorreu ao dinheiro dos contribuintes para injectar capital, evitando a situação deficitária do sector. Um contra-senso, se avaliarmos os lucros que os relatórios e contas destas instituições apresentam, somado aos ‘prémios’ obscenos que são entregues aos administradores bancários”.
Assim, além de “lamentar esta falta de solidariedade para com as pessoas que passam dificuldades, decorrentes, também, dos juros elevados que essas instituições praticam”, o município repudia estas tomadas de posição que “mais não são que afrontas à dignidade humana”.
O município avança que vai remeter a moção aprovada ao Conselho de Administração do Banco Português de Investimento (BPI), “apelando para que reconsidere a decisão do encerramento da agência de Apúlia por força dos motivos indicados e dela dar conhecimento ao Banco de Portugal e ao Ministério das Finanças e apelar para a criação de serviços mínimos bancários junto das populações”.