O presidente da Câmara de Viana do Castelo disse que a maioria socialista na autarquia está a ser “sujeita a ‘bullying’” por parte de um “pequeno grupo” de sapadores que acusa o comandante da corporação de assédio moral.
Luís Nobre, que respondia a uma interpelação do vereador do PSD, Eduardo Teixeira, no período antes da ordem do dia da reunião ordinária de terça-feira, relacionada com uma manifestação de bombeiros, que decorria em frente ao edifício camarário, afirmou que aquele “pequeno grupo não quer que o executivo municipal dê continuidade ao comandante [cuja comissão de serviço termina no dia 12 de Dezembro], mas garantiu que “terá a oportunidade e toda a legitimidade para decidir com serenidade e tranquilidade”.
“Não é com este tipo de iniciativas que me vão apressar, ou condicionar. Há uma coisa curiosa. Acusam o comandante dos sapadores de ‘bullying’, mas, neste momento, tenho dificuldade em perceber quem está a ser sujeito a ‘bullying’. Se é o comandante ou se é o executivo ou o presidente”, questionou Luís Nobre.
As acusações contra o Comandante dos Bombeiros Sapadores de Viana do Castelo avolumaram-se a partir de Março, altura em que o Sindicato Trabalhadores da Administração Local (STAL) anunciou uma acção contra António Cruz, por “práticas que consubstanciam verdadeiros actos de discriminação e assédio moral e laboral”.
Na altura, à Lusa, a coordenadora do STAL, Ludovina Sousa, disse que “os trabalhadores decidiram denunciar publicamente a situação, por se ter “tornado insustentável e por prejudicar, irremediavelmente, o bom funcionamento do corpo de Bombeiros, que se deseja estável a bem do serviço público”.
Além da acção em tribunal “ficou ainda decidido denunciar à Inspecção Geral de Finanças os sucessivos incumprimentos por parte do Comandante, enquanto superior hierárquico, do processo avaliativo dos trabalhadores”.
Segundo a sindicalista, “desde meados de 2015, altura em que António Cruz assumiu o comando do Corpo de Bombeiros Municipais de Viana, que os trabalhadores são vítimas do autoritarismo e abuso de poder”.
Desde Março, o STAL tem promovido diversas acções de denúncia pública da situação, em vários locais da cidade.
Na terça-feira, o protesto instalou-se à porta do edifício camarário, ouvindo-se na sala de reuniões, várias frases de protesto, cornetas, apitos e o som de “Grândola Vila Morena”.
No interior da sala, Luís Nobre, em resposta a Eduardo Teixeira, enumerou as medidas que o executivo municipal tem tomado, como a “abertura de um procedimento de promoção para acesso às categorias da carreira de bombeiro municipal, acções de formação profissional, aquisição de viaturas, e actualização salarial efectuada, em Dezembro de 2020, “que, em média, atinge os 300 euros”.
“São provas evidentes de que o executivo está a trabalhar. Este novo executivo está em exercício há semanas e já se reuniu com os bombeiros, com três dos sindicatos que os representam, nomeou dois adjuntos de comando para robustecer toda a estrutura hierárquica e está a trabalhar na contratação da figura do segundo-comandante”, especificou.
Luís Nobre adiantou que “a Câmara, quando foi confrontada com a primeira queixa relativa a assédio moral, iniciou um processo de averiguações, que veio a ser arquivado porque o queixoso, quando instado a apresentar a sua versão dos factos, não prestou qualquer informação, nem resposta”.
Em Agosto, “foi aberto novo processo de averiguações, que aguarda o seu desfecho, sendo que, em Setembro, foi ouvida a primeira de oito pessoas”, acrescentou.
O vereador do PSD, Eduardo Teixeira, insistiu que Luís Nobre dissesse se vai ou não nomear novo comandante ou reconduzir o actual no dia 12 de Dezembro, data em que termina a comissão de serviço em curso.
Na resposta, Luís Nobre afirmou: “Se a conclusão do inquérito remeter a responsabilidade para uma das partes, serão tomadas as devidas medidas e haverá consequências em que sentido for. A qualquer momento, o comandante nomeado pode ser substituído. O lugar não é eterno. Se entender que não há condições termino a sua nomeação”, concluiu.