As elevadas taxas de violência no Rio de Janeiro mancharam o Carnaval deste ano, com registo de tiroteios, saques e assaltos múltiplos, de acordo com relatório de ocorrência da polícia brasileira.
As imagens dos assaltos – incluindo o ataque de quatro homens a uma idosa de 80 anos – e dos arrastões (assaltos múltiplos) nas áreas mais turísticas da cidade concentram as notícias sobre o Carnaval nas principais redes de televisão brasileiras.
A violência aumentou apesar da polícia ter anunciado a mobilização de cerca de 17 mil agentes, muito mais que em 2017, para garantir a segurança.
Entre as críticas ao aumento da violência e dos estragos, a Polícia Militar reforçou os efectivos na terça-feira, mas o aumento de policiamento foi insuficiente para evitar novos ataques contra os blocos de rua (ajuntamentos de pessoas), incluindo alguns cometidos por grupos de jovens mascarados.
Nas notícias sobre a violência durante o Carnaval, as redes de televisão brasileira destacam sobretudo a ausência das principais autoridades locais durante o evento.
O porta-voz da Polícia Militar do Estado, major Ivan Blaz, tinha pedido às pessoas que evitassem usar joias ou tirar ‘selfies’ nos desfiles dos blocos de rua.
Os blocos de rua, que mobilizaram mais de 400 mil pessoas e são verdadeiros desafios para a polícia, tornaram-se uma das maiores atracções do Carnaval no Rio de Janeiro, que na edição deste ano reuniram cerca de seis milhões de pessoas.
A violência também foi tema das escolas de samba cariocas, sendo tema central do enredo da Beija-Flor, que abordou no seu desfile no sambódromo os diferentes males que afligem o Brasil, desde a corrupção à intolerância, mas principalmente a violência.
A Beija-Flor reproduziu no seu desfile cenas de crianças presas entre tiroteios filmadas em escolas públicas, menores vítimas de balas perdidas dentro de caixões, pais carregando os corpos de seus filhos feridos, jovens apontando armas à cabeça das suas vítimas.
Este ano a violência no Carnaval também incluiu entre as vítimas o compositor Moacir Luz e a atriz Juliana Paes, assaltados antes de participar dos desfiles das escolas de samba.
O Rio de Janeiro enfrenta uma séria crise de violência desde os Jogos Olímpicos de 2016, que obrigou o Governo brasileiro a enviar 10 mil militares em meados do ano passado com a expectativa de permanecer na região até o final de 2018.
O Estado, cuja população está concentrada principalmente na região metropolitana, registou 6.731 homicídios no ano passado, um recorde anual desde 2009, ou seja, 7,5% mais do que o registado em 2016, de acordo com o secretário regional da Segurança Pública.