O defensor do advogado bracarense Pedro Bourbon, suspeito de autoria moral do rapto e assassínio de um empresário da construção civil comparou outro arguido do mesmo caso, Emanuel Marques Paulino (‘Bruxo da Areosa’), com o tristemente célebre Adolfo Hitler.
Falando nas alegações finais da instrução do processo – fase que medeia entre a acusação e o julgamento – o advogado António Barreto Archer afirmou que “nunca poderia ter sido o meu constituinte, o Pedro Bourbon, a mandar matar a vítima, João Paulo Fernandes, pois se Paulino era o ‘Führer’, como é que um oficial da Gestapo, o meu cliente, Pedro Bourbon, podia dar ordens ao próprio ‘Führer’ de mandar matar” – questionou o defensor.
“Era inquestionável a obediência de todos em relação a Emanuel Marques Paulino, o ‘Bruxo da Areosa’, tendo sido este a decidir e a executar o plano de eliminar a vítima, foi tudo gizado por ele, ele próprio o confessou ao meu cliente, Pedro Grancho Bourbon”, acrescentou o advogado, António Barreto Archer, acusando assim o ‘Bruxo’.
“As escutas revelam bem ter sido Emanuel Paulino quem esteve por trás de tudo e nelas o próprio inculpa-se ilibando o meu cliente, Pedro Bourbon”, diz António Barreto Archer.
“Nota-se neste processo que a investigação e a acusação andaram sempre a reboque da comunicação social e procurou envolver sempre Pedro Bourbon”, salientou o advogado.
Em resposta, o procurador da República responsável pela investigação, afirmou que “em 32 anos de Ministério Público eu nunca fui tratado da forma tão deselegante como hoje, pelo senhor advogado”, referindo-se às alegações proferidas por António Barreto Archer.
Aquele advogado treplicou que “eu nunca fiz críticas pessoais, mas apenas afirmei que a acusação fez uma construção inaceitável, mas isso não é injuriar nem ofender ninguém”.
CRÍTICAS AO MP E À PJ
As alegações da defesa foram marcadas por críticas à orientação do processo conduzido pelo Ministério Público e ainda à investigação da Polícia Judiciária, inclusivamente pelo advogado Luís Vaz Teixeira, que no caso está a defender o ‘arrependido’ Hélder Moreira.
“Porque é que o Ministério Público não acusou pessoas que, essas sim, até tiveram mais participação nos crimes, como o João Paulo Loureiro (“João da Otília”) ou o engenheiro químico Carlos Alpiarça”, interrogou-se Luís Vaz Teixeira, sobre os crimes de rapto e de homicídio, seguidos da dissolução do cadáver num bidão de mil litros de ácido sulfúrico.
«O meu cliente só deve ser, quando muito, acusado de ocultação e profanação de cadáver, devendo ser já restituído à liberdade e ver devolvido todo o seu dinheiro, os mais de 200 mil euros que tinha guardado no sótão e que foram herdados do seu pai, conforme já está declarado fiscalmente, tratando-se de um dinheiro lícito”, acrescentou Luís Vaz Teixeira.
JG (CP 2015)