Uma madeixa de cabelo encontrada no lado direito do banco traseiro no carro que levou, sob sequestro, a vítima entre Braga e Valongo, poderá pertencer ao empresário bracarense João Paulo Araújo Fernandes, segundo refere a PJ.
A confirmarem-se as suspeitas da Polícia Judiciária, constituiria um reforço dos indícios já recolhidos, pois havendo eventual correspondência de ADN, face à ausência de cadáver estaria já preenchido o conceito de parte do corpo.
A importância de a madeixa de cabelo ser ou não da vítima é que pertencendo ao empresário bracarense, deixará de tratar-se de um caso de homicídio sem corpo o processo, pois ainda não foram encontrados restos mortais da vítima.
Mas mesmo que não sejam detectados quaisquer vestígios do corpo daquela vítima, será legalmente possível uma condenação por homicídio qualificado, com penas de 12 a 25 anos de prisão, até pelos outros indícios já recolhidos.
Até ao julgamento aguardam-se resultados dos exames realizados à madeixa por peritos do Instituto Nacional de Medicina Legal e de Ciências Forenses, realizando-se durante o dia de hoje, segunda-feira, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, o debate instrutório do processo para o Ministério Público e os advogados – da Defesa e da Acusação – argumentarem as suas posições.
A magistrada marcará a data para anunciar a sua decisão, no sentido de ser mantida no todo ou em parte a acusação do DIAP de Guimarães da Comarca de Braga, isto é, se o caso irá para julgamento, tal como a Acusação do MP.
Telemóveis em rede ‘privada’
Os principais suspeitos do rapto e assassínio do empresário bracarense quatro dias depois dos crimes passaram a utilizar só entre si, uma rede ‘privada’ de telemóveis, a fim de falarem ‘à vontade’ acerca dos trágicos acontecimentos.
A partir de 15 de Março de 2016, o núcleo duro do grupo adquiriu cartões e aparelhos próprios, da mesma operadora, enquanto Pedro Bourbon só viria a aderir a tal “plano de telecomunicações”, a 3 de Abril, depois de um almoço em Valença, com os irmãos. Manuel e Adolfo, além do “Bruxo da Areosa”, para “comemorar” a “ineficiência” da Polícia Judiciária, ficando todos eles convencidos terem cometido um “crime perfeito” e “trocado as voltas” à PJ.
Até então sempre que o “Bruxo da Areosa” pretenderia falar “à vontade” ao telefone com o compadre Pedro Bourbon, dizia ao irmão mais novo deste, o economista Adolfo Bourbon, para este ir a casa do irmão mais velho, Pedro, que morava a pouco mais de 100 metros, levar-lhe o seu telemóvel e falarem.
FG (CP 2015)