A líder da Juventude Socialista (JS) considerou, esta segunda-feira, que “perante a violência doméstica, a apatia não é admissível”, elogiando a exigência do secretário-geral socialista para que o presidente do PS/Braga renuncie e decidido não o apoiar nas autárquicas.
Foi através das redes sociais que Sofia Pereira reagiu às notícias de alegadas agressões de Victor Hugo Salgado à mulher, depois de a agência Lusa ter divulgado que Pedro Nuno Santos pediu ao presidente da Federação do PS/Braga para renunciar ao cargo e informou-o de que não o apoiará na recandidatura à Câmara de Vizela.
“Os direitos e a dignidade das vítimas têm de ser colocados inequivocamente acima das conveniências pessoais ou políticas de qualquer dirigente ou estrutura. Perante a violência doméstica, a apatia não é admissível”, defendeu.
A líder da Juventude Socialista afirmou que, sendo a violência doméstica um crime público, “nenhuma circunstância, seja política, institucional ou pessoal, pode justificar a apatia perante suspeitas tão graves” e que este caso de Victor Hugo Salgado “exigia uma resposta clara e coerente com os valores” defendidos pelo PS.
“Enquanto mulher, socialista e dirigente política, reconheço e elogio a firmeza e coerência demonstradas pelo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, ao tomar esta decisão”, disse, considerando que esta exigência do líder socialista “é a postura correta e aceitável perante a gravidade da situação”.
Segundo Sofia Pereira, não se pode “relativizar ou minimizar situações que ofendem a dignidade das mulheres”.
“Não está em causa a antecipação do julgamento em tribunal mas antes saber o que aceitamos ou condenamos na política como na vida. De que lado estamos quando nos é pedido para atuar, para além dos chavões do dia-a-dia”, ressalvou.
Em comunicado enviado à agência Lusa esta tarde, o PS expressou “a sua inequívoca condenação de qualquer forma de violência doméstica e manifesta profunda preocupação com as informações que vieram a público” sobre o presidente da Câmara de Vizela e da Federação Distrital de Braga do PS.
“O secretário-geral do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos, solicitou a Victor Hugo Salgado que renunciasse ao cargo de presidente da Federação do PS de Braga. Informou igualmente que o Partido Socialista não apoiará a sua recandidatura à presidência da Câmara Municipal de Vizela”, anuncia no mesmo comunicado.
O presidente da Câmara de Vizela e da Federação Distrital de Braga do PS, Victor Hugo Salgado, referiu sexta-feira que as notícias sobre alegadas agressões à mulher são uma “tentativa de instrumentalização da vida privada para fins políticos”.
“A exposição pública destes factos [notícias de alegadas agressões físicas], alheios à vida cívica ou ao debate político, constitui uma tentativa de instrumentalização da vida privada para fins de combate político”, adiantou o autarca e a mulher num comunicado conjunto e a que a Lusa teve, esta segunda-feira, acesso.
O Observador avançou ainda que a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a GNR confirmam que há um inquérito aberto contra o autarca.
Segundo aquele jornal, as agressões do autarca à mulher terão ocorrido em fevereiro deste ano e, alegadamente, obrigaram a mulher a receber tratamento médico hospitalar em dois momentos distintos em menos de 24 horas.
O casal sublinhou, na mensagem conjunta, ter sentido a necessidade de reagir perante a divulgação de conteúdos que dizem respeito à sua esfera “estritamente pessoal e familiar”.
“Lamentamos profundamente esta prática, que consideramos atentatória da dignidade individual, da ética democrática e da proteção de menores”, ressalvam.