O futuro ministro de Estado e das Finanças, João Leão, considerou uma honra continuar a servir Portugal com “funções mais acrescidas”, assumindo o compromisso de “manter e assegurar a estabilidade económica e social para os portugueses”. António Costa fala diz que “a vida é feita de ciclos” e Centeno de “percurso partilhado”.
Depois de ter sido conhecido que o até agora secretário de Estado do Orçamento, João Leão, vai substituir Mário Centeno no lugar de ministro de Estado e das Finanças, ambos os responsáveis pelas Finanças estiveram ao lado do primeiro-ministro, António Costa, no briefing final do Conselho de Ministros desta terça-feira, que aprovou o Orçamento Suplementar.
“É uma honra poder continuar a servir o meu país, agora com funções mais acrescidas, ainda para mais numa fase tão exigente para o país. Ao longo dos últimos cinco anos trabalhei ao lado do ministro Mário Centeno como seu secretário de Estado do Orçamento e aproveito também esta oportunidade para agradecer o convite que me fez para essas funções”, disse João Leão, que foi o último a falar numa conferência mais curta e com possibilidade de menos perguntas do que o habitual neste período de covid-19.
Na perspectiva do futuro responsável pela pasta das Finanças, “em boa hora” o Governo construiu “bases financeiras sólidas, para que o país possa enfrentar com melhores condições esta crise criada pela pandemia”.
“É, como o Governo tem referido, uma crise profunda e súbita e que temos que responder com políticas capazes de enfrentar o desafio que temos pela frente”, defendeu.
Assim, na perspectiva de João Leão, numa primeira fase importa concentrar todos os esforços em “políticas de estabilização da economia, no apoio ao emprego e às empresas, e na ajuda às famílias e à manutenção dos seus rendimentos”.
“Isto é fundamental para que, numa segunda fase, voltemos a recuperar a economia e de novo a conseguir o equilíbrio certo e virtuoso entre o crescimento da economia e do emprego e as contas certas, por outro lado”, justificou.
Só seguindo este plano é que será possível “manter e assegurar a estabilidade económica e social para os portugueses”, um compromisso que o governante assume que vai prosseguir “por agora”.
CICLOS
“Quero expressar publicamente que compreendo e respeito que o dr. Mário Centeno queira abrir um novo ciclo na sua vida. Este foi um longo ciclo. Pela segunda vez em 46 anos da nossa democracia um ministro das Finanças cumpriu integralmente uma legislatura de quatro anos e pela primeira vez na nossa democracia, para além de ter cumprido integralmente uma legislatura de quatro anos, ainda preparou o início de outra e assegurou a aprovação do primeiro orçamento desta legislatura e do primeiro e único orçamento suplementar do conjunto destes anos”, afirmou por sua vez o primeiro-ministro.
António Costa disse ainda que “a vida é feita de ciclos”, agradecendo profundamente a “dedicação” de quase seis anos de trabalho conjunto que se iniciou com a elaboração do cenário macroeconómico, ainda na oposição, e se encerra hoje com a aprovação no Conselho de Ministros do orçamento suplementar”.
“Não vou agora aqui recordar a excelência dos resultados que foram alcançados, nem a forma como prestigiou Portugal na presidência do Eurogrupo”, prosseguiu Costa. “Porque isso é conhecido de todos”, frisou, antes de tecer rasgados elogios ao apelidado ‘CR7 das Finanças’.
O primeiro-ministro destacou a “extraordinária capacidade de trabalho”, “o excelente espírito de equipa – quer comigo, quer com todos os membros do Governo – e a constante preocupação de assegurar equidade nas decisões e o sentido profundamente humanista que sempre inspirou a sua acção”.
TRANSIÇÃO “TRANQUILA”
Mário Centeno aproveitou a conferência de imprensa para fazer uma breve despedida, sublinhando que a sua presença ali era garantia de que a transição é mesmo “tranquila”.
Depois de devolver a intenção de também abraçar Costa quando for possível, afirmou que o “percurso foi partilhado”, num governo com “liderança e coesão”.
O ministro cessante recordou que o seu ciclo foi realmente longo, feito de 1664 dias de mandato, com 900 partilhados na presidência do Eurogrupo.
Centeno manifestou-se ainda convicto de que “os números continuarão certos” com João Leão, com quem trabalhou sempre enquanto ministro na elaboração dos orçamentos do Estado.
Redacção com TSF e DN