O processo de certificação da viola braguesa esteve em destaque na Feira Nacional de Artesanato de Vila Conde onde se realizou uma sessão de esclarecimento dirigida a construtores, tocadores e colecionadores.
A iniciativa contou com a presença de António Barroso, em representação da Câmara de Braga, e de Teresa Costa, directora-geral da Adere-Minho, enquanto entidade certificadora.
Segundo António Barroso, a certificação da viola braguesa é uma forma de assegurar que as tradições e os valores se mantêm fiéis à sua identidade. “A Câmara Municipal definiu como prioridade a valorização do património nas suas mais diversas vertentes. É por isso que consideramos a Viola Braguesa um factor de atracção e projecção do território”, afirmou, numa sessão abrilhantada por Paulo Rocha e Xico Malheiro.
O representante do Município lembrou que Braga possui um vasto número de produtores de referência de instrumentos musicais, sendo mesmo considerada a pátria da viola braguesa.
“Entendemos que era importante dar este passo ambicioso e avançar para o processo de certificação, garantindo desta forma a sua preservação, promoção e manutenção dos padrões de qualidade definidos”, adiantou, sustentando que este é também um “exemplo que Braga dá a outros municípios”.
Recorde-se que o processo de certificação deste instrumento musical é liderado pelo município de Braga, sendo a Adere-Minho o organismo de certificação.
A existência da viola braguesa, também designada de viola de Braga, surge documentada desde o século XVII e é o instrumento mais popular do Noroeste Português entre o Douro e Minho. Toca-se a solo ou no acompanhamento do canto em ‘Rusgas’, ‘Chulas’ e ‘Desafios’.
Como todas as violas portuguesas, a braguesa pertence a um género musical exclusivamente lúdico e festivo e integra o mesmo tipo fundamental comum a todos os cordofones da família das ‘guitarras’ espanholas e europeias, a que pertence.
Feira mostra espólio de Domingos Machado
A edição deste ano da Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde destaca os ‘Artesãos do Som’, com a presença de cerca de duas dezenas de artesãos de instrumentos musicais que, ao vivo, demonstram os seus talentos e mestria na construção de cordofones (instrumentos musicais em que o som é produzido por uma corda tensa), idiofones (instrumentos em que o som é produzido pelo corpo do instrumento), membranofones (instrumentos cujo som resulta de uma membrana, ou de uma pele esticada) e aerofones (instrumentos em que o som é produzido pela vibração do ar).
Na parte central do recinto do evento, está patente uma exposição com as ‘13 Fases de Construção de Um Cavaquinho’, baseada no espólio que o artesão Bracarense Domingos Machado reúne no Museu dos Cordofones, em Tebosa.
Inaugurado em 1995, este é um museu privado criado pelo artesão violeiro que mantém a mais completa colecção de cordofones portugueses: guitarras, cavaquinhos, banjos, banjolins e bandolins, violas clássicas e violas típicas (beiroa, braguesa, da terra).