Chico Buarque de Holanda recebeu esta segunda-feira o Prémio Camões referente a 2019 e não deixou atacar Jair Bolsonaro, ex-Presidente do Brasil, pelos sucessivos adiamentos da entrega do Prémio.
Num toque de ironia, agradeceu ao ex-Presidente Jair Bolsonaro pela “rara fineza de não ter sujado o diploma do Prémio Camões” e por ter deixado o espaço da assinatura do Presidente do Brasil para Lula da Silva, dizendo que o fascismo é um perigo presente “no Brasil e em todo o mundo”.
Depois de agradecer a vários presentes na cerimónia e de demonstrar alguma emoção, Chico Buarque falou em especial do pai que “receberia o prémio com muito mais propriedade”, ele que também combateu a ditadura militar no Brasil e “ajudou na fundação do Partido dos Trabalhadores [partido de Lula da Silva]”.
E atirou: “Tinha antepassados negros e indígenas, que os meus antepassados brancos quiseram apagar.”
Chico Buarque referiu que já viveu fora do Brasil e é “uma experiência a não repetir”, mas que é bom saber que tem em Portugal “uma porta aberta”.
“Por mais que eu publique livros, gosto de ser reconhecido no Brasil como compositor de música popular e em Portugal como o gajo que um dia pediu para lhe levar um cravo e alecrim”, manifestou Chico Buarque, provocando risos na plateia.
Marcelo Rebelo de Sousa e Lula da Silva entregam esta segunda-feira o Prémio Camões a Chico Buarque de Holanda, que foi sucessivamente adiado desde 2019 por Bolsonaro e pela pandemia.
Com TSF