Depois de Braga foi a vez da cidade de Guimarães ficar a conhecer, esta segunda-feira, o programa de homenagem às personalidades do distrito que se destacaram na luta contra a ditadura e pela liberdade. Entre elas está Joaquim Santos Simões, antigo presidente da Sociedade Martins Sarmento, onde decorreu a apresentação da iniciativa.
Sob o mote ‘1926 – 2024. 48 anos a não esquecer. 50 para celebrar’, o programa de homenagem aos Democratas de Braga tem assinatura do ‘Cidadania Contra a Indiferença’ e reúne, explicou Paulo Sousa, ex-jornalista e mentor daquele movimento cívico, contributos de “democratas, de tempos e de lugares distintos, mulheres e homens” imbuídos da mesma tarefa: “cuidar da nossa Democracia, das amplas liberdades conquistadas, ainda que imperfeitas”.
“Estamos unidos pela vontade expressa de conquistar pela Diferença os que tem permanecido na Indiferença ao longo destes 48 anos. Forjamos por isso, os irmãos mais novos do 25 de Abril e os filhos da Democracia, uma justa, merecida e distinta homenagem àquelas e aqueles que deram a vida, se sacrificaram e às suas famílias, por Portugal, no distrito de Braga”, afirmou.
“Somos motivados e inspirados pelos seus actos, pela sua envergadura e integridade, pela sua coragem, para que não escape, para Memória futura, a ‘Aurora da Liberdade’”, sublinhou.
Paulo Sousa adiantou que o programa – “um documento aberto, permanentemente disponível a novas iniciativas” – , tem como um dos momentos altos, a evocação em 2023, dos cem anos de nascimento de Santos Simões, em Guimarães, e de Salgado Zenha, de Braga, “símbolos maiores da luta pela Democracia e pela Liberdade”.
“Ao evocarmos tantas e tantos que, em circunstâncias difíceis, deram resposta a esta imperiosa necessidade de fechar um capítulo negro da nossa história, corremos o risco de esquecermos muitas e muitos que pagaram caro pela sua coragem”, afirmou Sousa, ciente que “é um risco que corremos aqui e em qualquer lugar deste distrito, mas conscientes de que tudo será feito para não serem esquecidos”.
ESPECTÁCULO ‘SONS DA LIBERDADE’
‘A Democracia que Queremos. A Democracia que Temos’, com o professor Manuel Sarmento e ‘Democracia e Liberdade versus Inteligência Artificial’, com o engenheiro Jorge Saraiva, o papel e a importância das Mulheres de Abril, a cargo de Etelvina Sá, a guerra colonial e o seu impacto no Minho, a imigração antes e depois do 25 de Abril são as conferências e debates previstos.
No campo musical está previsto, para 2024, o espectáculo ‘Sons da Liberdade’, com músicas inéditas do músico José Manuel, sobre os 50 anos do 25 de Abril.
O trabalho do fotojornalista José Delgado Fernandes é igualmente evocado, este ano e nos próximos dois anos, pelo seu filho Hugo Delgado Fernandes – um trabalho a que se juntam os jornalistas Artur Moura e Jorge Cruz que trazem a visão jornalística do antes, durante e depois.
Alfredo Cunha marca também presença com a publicação de um conjunto de livros. Tal como o fotografo José Firmino e o seu registo sobre ‘as Marcas de Abril’.
A elaboração de um filme- documentário, com a assinatura da Tiago Fernandes, da Maladarte, sobre os democratas e os lugares clandestinos que se distinguiram antes e durante a revolução está igualmente na calha.
Entre outras iniciativas, está ainda a publicação de testemunhos dos cidadãos anónimos retratados no imenso espólio fotográfico. Para tal, o movimento apela ao contributo para que permaneça viva a memória dos que andaram pelas ruas de Abril.
Fernando Gualtieri (CP 7889 A)