O PCP considera a entrega a privados da gestão do Hospital de Braga, e das unidades dos cuidados primários de saúde que lhe estão anexadas, um “crime social” e um “grave ataque” ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Falando aos jornalistas à entrada do hospital, uma delegação comunista composta pelo deputado de Alfredo Maia, do candidato da CDU à Câmara de Braga, João Baptista, e da deputada municipal Sandra Cardoso, sustentaram que a decisão do Executivo da AD é “inaceitável” já que “lesa os direitos da população no seu acesso aos cuidados de saúde e ameaça os direitos e condições de trabalho dos profissionais”.
“A decisão do Governo PSD/CDS de novas Parcerias Público-Privadas constitui um novo e grave passo na estratégia de ataque e destruição do SNS”, sublinharam.
Trata-se, acrescenta a delegação do PCP, de “uma decisão que compromete o interesse público e cria uma instabilidade agravada na gestão das unidades do SNS, a somar à acentuada falta de meios humanos e financeiros e à onda de demissões e substituições de conselhos de administração. “Decisão tão mais ilegítima quando adoptada por um Governo derrotado a poucas horas de ser demitido.”
“VISÃO HOSPITALOCÊNTRICA”
Os comunistas não têm dúvidas que a privatização subordina os cuidados primários de saúde aos “objectivos de lucro” dos grupos económicos, “acentuando a desvalorização das políticas de promoção da saúde e prevenção da doença, incrementando uma visão hospitalocêntrica e condicionando de forma decisiva a sua autonomia”.
Sobre as justificações para a privatização – fraca qualidade no serviço prestado e gestão deficitária –, o PCP diz que o Executivo de Montenegro, “na sequência do anterior Governo do PS”, “não resolveu os problemas de carência de profissionais de saúde, manteve um investimento muito baixo, limitou a autonomia, asfixiou financeiramente as instituições públicas de saúde e centralizou decisões na direcção executiva e no Ministério, criando enormes dificuldades ao SNS”.
FALTA DE INVESTIMENTO
O partido reitera que os problemas do hospital não resultam do fim da PPP anterior, “mas sim da falta de investimento no SNS”.
“Apesar da persistência da carência de meios por responsabilidade dos sucessivos governos, o Hospital de Braga apresenta indicadores que superaram significativamente a actividade contratualizada com o Estado, em áreas tão relevantes como as primeiras consultas, consultas subsequentes e cirurgias, comprovando o acerto da decisão de reversão da PPP de gestão clínica do Hospital”, apontam os comunistas.
“É o mesmo Governo que vem agora concluir que a solução para os problemas que ele próprio criou e agravou é entregar unidades públicas aos grupos económicos privados”, frisam, referido que a decisão se mantiver significa a privatização dos cuidados de saúde primários para “pelo menos 2,5 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população do país”.
Fernando Gualtieri (CP 7889)
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