O chefe de polícia interino de Amesterdão, Peter Holla, afirmou esta sexta-feira que os adeptos israelitas foram “atacados intencionalmente” em confrontos após o jogo de futebol na noite de quinta-feira entre as equipas do Ajax e o Maccabi Telavive FC (5.-0).
Os incidentes geraram reacções de condenação em várias frentes, obrigando mesmo o Rei dos Países Baixos a pronunciar-se.
“Falhámos para com a comunidade judaica neerlandesa na Segunda Guerra Mundial, e na noite passada voltamos a falhar”, afirmou o Rei Guilherme Alexandre, citado pelo britânico “Telegraph”.
Em contacto com o Presidente israelita Isaac Herzog, o monarca expressou o “horror profundo” para com os acontecimentos. Durante o conflito que devastou a Europa entre 1939 e 1945, três quartos dos judeus nos Países Baixos morreram.
Por outro lado, a presidente da Câmara de Amesterdão, Femke Halsema, garantiu esta sexta-feira que o organismo de vigilância antiterrorista neerlandês afirmou não existir qualquer ameaça concreta para os adeptos de futebol israelitas após um jogo que terminou com confrontos entre adeptos e manifestantes.
“Tenho vergonha” do que aconteceu na cidade, disse Femke Halsema, anunciando a proibição temporária de manifestações. Na quarta-feira, Halsema tinha proibido uma manifestação de apoio à Palestina que ia decorrer junto ao estádio Johan Cruiff por recear “problemas”.
Nos incidentes, segundo a polícia, dez adeptos ficaram feridos, cinco pessoas foram hospitalizadas e 62 presas após o que as autoridades descreveram como violência anti-semita sistemática contra os adeptos israelitas após um jogo de futebol. Citada pela agência de notícias dos Países Baixos ANP, a polícia afirmou ter efectuado 57 detenções durante o dia.
As autoridades neerlandesas, que denunciaram a violência como actos de semitismo, afirmaram que os atacantes visaram sistematicamente os adeptos israelitas, mas está por esclarecer como começaram os actos de violência.
Por outro lado, um vídeo mostra também adeptos israelitas a entoarem slogans anti-árabes nas ruas.
ISRAEL ENVIA AVIÕES
O Presidente de Israel disse que as agressões supostamente levadas a cabo por manifestantes pró-palestinianos foram um “pogrom anti-semita”: “Vemos com horror, hoje de manhã, as chocantes imagens que, desde 7 de outubro, esperávamos não voltar a ver”, disse Isaac Herzog, que comparou o incidente nos Países Baixos com os ataques de membros do Hamas de 2023 em que morreram 1 200 pessoas em território israelita.
O termo russo “pogrom” designa desde o século XIX a agressão e perseguição deliberada contra um grupo étnico, sobretudo judeus.
“Espero que as autoridades dos Países Baixos actuem de imediato e tomem as medidas necessárias para proteger, localizar e resgatar todos os israelitas e judeus atacados”, disse o chefe de Estado.
O novo ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Sa’ar declarou, após contactos com as autoridades de Haia, que os incidentes foram “bárbaros e anti-semitas”, anunciando uma deslocação à Holanda: “O novo anti-semitismo está centrado na negação do direito à existência do Estado judaico e do seu direito a defender-se”.
Anteriormente, o primeiro-ministro de Israel ordenou o envio “imediato de dois aviões de resgate” para retirar os cidadãos israelitas e exigiu às autoridades dos Países Baixos “actuação firme e rápida” contra aqueles que provocaram as agressões.
Com Agências