A cimeira do clima das Nações Unidas (COP26) aprovou ao início da noite deste sábado a declaração final, com uma alteração de última hora proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.
Cerca de 200 países reunidos na 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia, adoptaram, este sábado, o Pacto de Glasgow para acelerar o combate às mudanças climáticas e traçar as bases de um futuro financiamento, mas sem garantir o objectivo de limitar o aquecimento global a +1,5°C.
A aprovação final do texto, após duas semanas de difíceis negociações, foi selada com um golpe de martelo do britânico Alok Sharma, que presidiu as negociações.
Líderes políticos e milhares de especialistas, activistas e decisores públicos estiveram reunidos em Glasgow, na Escócia, para actualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.
A COP26 realizou-se seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta a entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.
Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao actual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.
O Pacto Climático de Glasgow mantém a ambição do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura a 1,5ºC.
Reconhece-se que limitar o aquecimento global a 1,5ºC exige “reduções rápidas, profundas e sustentadas das emissões globais de gases com efeito de estufa, incluindo a redução das emissões globais de dióxido de carbono em 45% até 2030 em relação ao nível de 2010 e para zero por volta de meados do século, bem como reduções profundas de outros gases com efeito de estufa”.
O Pacto salienta a urgência de reforçar a ambição e a acção em relação à mitigação, adaptação e financiamento nesta “década crítica” para colmatar as lacunas na implementação dos objectivos do Acordo de Paris, e nele pede-se aos países em falta que apresentem até Novembro do próximo ano as suas contribuições para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa.
Os presentes em Glasgow instaram também, segundo o documento aprovado, os países desenvolvidos a “pelo menos duplicarem” o financiamento climático para a adaptação às alterações climáticas dos países mais pobres.
Apela-se ainda aos países mais ricos e instituições financeiras para “acelerarem o alinhamento das suas atividades de financiamento com os objectivos do Acordo de Paris”.
ALTERAÇÃO DE ÚLTIMA HORA
No final do debate houve uma alteração de última hora proposta pela Índia que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.
O ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, pediu para mudar a formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões.
A Índia quis substituir o fim progressivo – “phase-out” por uma redução progressiva – “phase down” -, uma proposta que foi aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, como a Suíça, e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas.
Redacção com TSF e SICNotícias