Uma criança de nove anos é uma das vítimas mortais do ataque a um mercado de Natal, na cidade alemã de Magdeburgo, na sexta-feira ao final da tarde. O atacante, de 50 anos, é medico e aparentemente de extrema-direita.
De acordo com a BBC, a polícia afirmou que a criança, que morreu no ataque em Magdeburgo, tinha nove anos e que os restantes mortos são adultos.
Já havia sido relatado que uma das vítimas mortais era uma criança, mas ainda não se sabia a sua idade.
Numa conferência de imprensa, esta tarde, as autoridades adiantaram que o suspeito deverá ser acusado de cinco mortes e ainda de ter provocado vários feridos graves.
Revelaram ainda que a primeira chamada de emergência ocorreu às 19h02 e que, inicialmente pensaram que era um acidente. No entanto, quando as chamadas chegaram às dezenas, decidiram abrir o caso como sendo um ataque.
A polícia adiantou também que o autor do ataque atravessou uma entrada de emergência, reservada ao acesso a ambulâncias e veículos de socorro, acrescentando que o suspeito esteve a conduzir durante três minutos antes de ser interceptado.
As autoridades alemãs continuam a investigar o motivo do ataque, com o procurador a afirmar que estará ligado à “insatisfação com o tratamento dos refugiados da Arábia Saudita na Alemanha”, cita a BBC.
Recorde-se que o ataque aconteceu por volta das 19 horas locais (18h00 em Lisboa) e o condutor, que seguia ao volante de um BMW preto e que avançou contra a multidão, foi detido no local, quando tentava fazer marcha-atrás. As autoridades já tinham indicado que, “à luz dos factos conhecidos, o suspeito é o único autor do crime”.
“CATÁSTROFE TERRÍVEL”
O chanceler alemão, Olaf Scholz, prometeu este sábado “medidas contra aqueles que querem semear o ódio”, na sequência do ataque a um mercado de Natal em Magdeburgo, que fez cinco mortos e mais de 200 feridos, segundo um novo balanço.
Referindo-se a uma “catástrofe terrível”, prestou homenagem às vítimas deste ato “terrível” e “louco”.
Scholz agradeceu também aos serviços de emergência e à polícia que detiveram o presumível autor do ataque, um médico de 50 anos, da Arábia Saudita, que exercia a sua axtividade numa pequena cidade não muito longe de Magdeburgo.
Os motivos do autor do ataque permanecem pouco claros. Não era conhecido pelas suas simpatias pelo movimento jihadista e, pelo contrário, o seu perfil mostra-o como apoiante do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) ou de Elon Musk.
“Temos de perceber exactamente quem é o autor do crime, o que fez e porquê, para podermos reagir com as necessárias consequências penais. E é isso que vamos fazer”, prometeu Olaf Scholz.
ATACANTE MÉDICO
Taleb A. chegou à Alemanha em 2006, como estudante, e obteve asilo em Julho de 2016, depois de ter sido ameaçado de morte por se ter afastado do Islão.
Viveu e trabalhou como psiquiatra em Bernburg, uma pequena cidade de 32 000 habitantes, na margem do rio Saale, entre Magdeburg e Halle.
Como activista, informava e aconselhava mulheres sauditas sobre as possibilidades de fugirem do seu país, e tinha uma página na ‘internet’ com informações sobre o sistema alemão de asilo.
Numa entrevista concedida ao Frankfurter Rundschau, em 2009, afirmou que muitas mulheres sauditas o procuraram, em busca de protecção, depois de terem sido violadas pelo homem de quem dependiam.
Nessa entrevista, afirmou que o sistema de asilo alemão era um caminho para a liberdade destas mulheres.
A partir de certa altura, o distanciamento em relação ao Islão transformou-se numa rejeição aberta da política migratória alemã.
Em Novembro, publicou na sua conta na rede social X (antigo Twitter) uma mensagem com “quatro exigências da oposição saudita” e afirmou que a Alemanha tinha que proteger as suas fronteiras da migração ilegal.
Em seguida, acusou Merkel de ter um plano para islamizar a Europa com a sua política de fronteiras abertas.
Em outras publicações nas redes sociais, mostrou simpatia pela AfD, porque disse que era o único partido que lutava contra o Islão na Alemanha.
Taleb A. queria fundar, juntamente com a AfD, uma academia para ex-muçulmanos na Alemanha, de acordo com o ‘Der Spiegel’.
Há apenas uma semana, foi difundida uma entrevista sua, num blogue islamófobo dos Estados Unidos, na qual afirmava que o Estado alemão tinha uma operação secreta para perseguir ex-muçulmanos sauditas em todo o mundo e, ao mesmo tempo, concedia asilo a ‘jihadistas’ sírios.
Numa outra mensagem no X, que foi posteriormente apagada, anunciou vingança, segundo o diário “Die Welt”.
De acordo com o jornal local ‘Magdeburger Zeitung’, Taleb A esteve ausente do trabalho nas últimas semanas, devido a uma baixa médica.
Com TSF e Agências