Numa próxima geração, os S. João de Braga de 2020 e 2021 farão parte do rol de curiosidades daquela que é considerada a maior festa popular do país. E as festas sanjoaninas têm muitas para ficar a conhecer esta terça-feira, noite grande de arraial “Dentro de Portas”.
A par de muitas outras curiosidades, estas duas homenagens ao Santo casamenteiro ficam registadas como as primeiras, em 800 anos de história, realizadas com recurso às novas tecnologias, online, nas redes sociais e dentro de portas.
A primeira curiosidade remete para o início do arraial. Poucos saberão, mas as primeiras festas aconteciam apenas na freguesia de S. João do Souto, da qual S. João Baptista é patrono.
Nos arquivos da história da cidade, descobre-se que em 1515 a Câmara Municipal tomou, pela primeira vez, em mãos a organização dos festejos.
Qual quer coisa como 300 anos depois, a fachada do hoje Santuário do Bom Jesus do Monte, encomendado por D. Gaspar de Bragança, arcebispo de Braga, em 1784 e concluído em 1881, começou a ser iluminada durante as festas sanjoaninas.
PORCO PRETO? NÃO. “FERAS!”
Lembram-se da corrida do Porco Preto que há alguns anos provocou uma grande polémica na cidade? Pois, em 1638 a autarquia publicou um acórdão que mandava castigar com “severidade” os que matassem o suíno, uma tradição das festas.
E porquê? Por causa da agressividade do costume, que, diga-se, já tinha sido proibido, mas que continuava a acontecer…
Para que o povo se libertasse toda a sua belicosidade e violência reprimidas, foi decidido que aquele costume bárbaro fosse substituído por um outro não menos bárbaro, mas abençoado pela Igreja.
Substituíram-se então os porcos pretos por “feras” – é assim mesmo que dizem os registos. Os bichos eram lançados nas coutadas dos Arcebispos para serem perseguidos por cavaleiros fidalgos – tudo gente bem da cidade – até à morte. O povo, rezam as crónicas, deliravam com a caçada e a matança.
A próxima curiosidade remete para tempos remotos, para os inícios do século V. Desde essa altura e até ao século XVIII manteve-se uma tradição herdada daquele povo – acender nas vésperas das festas um círio votativo ou Candeleiro. Era oferecido à cidade pelo município.
Esta curiosidade é já do século XX. Em 1904, José Gomes edita o livro ‘O S. João de Braga’, um best-seller. Ainda hoje é a obra mais conhecida sobre as festas sanjoaninas bracarenses.
Entre as curiosidades até há números e contabilidades. Um exemplo: No dia 24 de Junho do mesmo ano foram vendidos 3.629 bilhetes para o Festival do Jardim Público, no que é hoje conhecida como avenida Central.
No mesmo dia mas 30 anos depois, um avião participante no festival aéreo de S. João, que partiram do campo de aviação de Palmeira, despenhou-se no centro de Braga. O piloto morreu no acidente. Uma tragédia que provocou grande pânico entre os romeiros.
Sabia que até à década de 50, a decoração da avenida Central consistia em recortes e figuras de animais iluminados?
Já em 1987, as bandas de música que animavam as festas foram receber os romeiros à Estação de Caminho de Ferro.
E uma última curiosidade: A maioria dos ranchos e grupos folclóricos do concelho comemoram o seu aniversário no dia de S. João…
Fernando Gualtieri (CP 7889 A)