Cansados, felizes e esperançados num futuro melhor, os seis membros da família Hanan chegaram esta terça-feira a Vila Verde para se instalarem na nova casa, situada na Rua Conde Ferreira, em pleno centro da vila. Para trás, deixaram a Síria, um país que lhes dava uma vida normal e de onde nunca pensaram sair até rebentar a guerra. São os primeiros refugiados acolhidos em Vila Verde.
“Estamos felizes e sentimo-nos bem por vir para aqui. O mais importante para nós são as nossas crianças e os estudos deles. Conseguimos ver nos vossos olhos que são simpáticos”, disse Kemal, de 46 anos, o patriarca da família, que na Síria trabalhava como tintureiro. A mulher, Zeinabe, seis anos mais nova, cuidava dos filhos. São “uma família normal” que espera a ajuda dos vizinhos para se sentir verdadeiramente em casa.
Além dos pais, Kemal e Zeinabe, a família integra ainda quatro crianças, com idades entre os seis meses e os cinco anos: Aisha é a mais velha com seis anos, seguida de Amir (cinco), Media (quatro) e Shirin (seis meses). Nenhum deles fala inglês – para já vão ter ajuda de um tradutor, que já os ajudou – nem conheciam nada de Portugal. Antes do nosso país, passaram por um campo de refugiados na Grécia.
A chegada desta família resulta de um protocolo que o Colégio Luso Internacional de Braga (CLIB) estabeleceu com a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). A casa onde agora estão, em Vila Verde, é propriedade dos pais de Andrea Duarte, professora de Biologia no CLIB, e estava desabitada desde 2009.
“Este é o melhor uso possível que lhe podíamos dar. A casa esteve à venda, mas quando se falou neste problema [das migrações], o bichinho começou a moer e lembramo-nos de os acolher aqui. Tínhamos a casa pronta desde Outubro, mas só soubemos ontem à noite que tínhamos que estar hoje, às 14h30, em Lisboa, para os recolher”, explicou Andrea.
A casa tem três quartos, uma cozinha, a sala de estar e duas casas de banho. Foi preparada e mobilada pelos proprietários e pela comunidade académica do Colégio Luso Internacional de Braga, que se viram obrigados, ontem e hoje, a ‘afinações’ de última hora.
“Este é um momento muito importante para o Colégio porque representa o culminar de um trabalho que envolveu toda a comunidade escolar e que permitirá agora o apoio a uma família que se viu forçada a deixar a sua casa”, considera a directora do colégio, Helena Pina-Vaz.
Com o objectivo de acolher em boas condições esta família, os alunos do Colégio organizaram já várias actividades e recolhas de fundos, procurando assegurar, pelo menos nos primeiros tempos, a alimentação, assim como possíveis cuidados de saúde e educação para os vários elementos do grupo.
Ainda no âmbito do protocolo com a PAR, o CLIB tem já outra casa, situada em São Victor, Braga, preparada para acolher mais uma família. Trata-se, no entanto, de uma habitação mais pequena, pelo que se destinará a um agregado familiar mais pequeno.
Ricardo Reis Costa (TP 2298)