Os deputados do PS eleitos pelos círculos de Braga e do Porto perguntaram esta quarta-feira ao Governo se pretende manter a prioridade na execução da ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto-Braga-Vigo ou se prevê a sua recalendarização.
Em pergunta dirigida ao ministro das Infra-Estruturas e Habitação, aqueles deputados sublinham que, há poucos meses, “os autarcas de Lisboa e Madrid afirmaram que a prioridade do investimento na alta velocidade ferroviária deveria ser colocada na ligação entre estas duas cidades”.
Com esta opção, há um sério risco de se gerar um efeito centrípeto de Madrid relativamente a Lisboa”, alertam os socialistas, que lembram que aquela prioridade foi também reafirmada, há três semanas, pela Comissão Europeia.
Salientam que, entretanto, há um concurso público a decorrer para concretizar a ligação de Lisboa-Porto, “sendo expectável o avanço consecutivo entre Porto-Braga-Vigo”.
RECALENDARIZAÇÃO?
Assim, em função das prioridades de investimento assumidas na terça-feira pelo Governo, os parlamentares do PS querem saber se o Governo mantém o grau de prioridade na execução da ligação ferroviária de alta velocidade Lisboa-Porto-Braga-Vigo ou se está prevista a sua recalendarização.
Caso se mantenha o grau de prioridade, os socialistas deputados querem saber “qual a calendarização prevista no plano do Governo”.
Na terça-feira, o Governo aprovou em Conselho de Ministros a antecipação da conclusão da linha ferroviária de alta velocidade Lisboa-Madrid, incluindo a terceira travessia do Tejo (Chelas-Barreiro), estimando que tudo possa estar pronto em 2034.
Também na terça-feira, em Madrid, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse que há consenso entre os governos de Portugal e Espanha em relação às ligações de comboio de alta velocidade e ao “mesmo grau de prioridade” que deve ter a linha entre Madrid e Lisboa e aquela que está prevista para unir Lisboa, Porto e Vigo (norte de Espanha).
“Nós queremos duas ligações a Espanha, pelo menos, e, portanto, para nós ambas têm importância”, disse Paulo Rangel, que sublinhou que Portugal tem também “que acautelar” a ligação em alta velocidade das duas maiores cidades do país (Lisboa e Porto).
“Temos de ter os dois planos ao mesmo tempo”, afirmou.
Nem Rangel nem o seu homólogo espanhol se comprometeram com um calendário para a concretização das ligações de comboio de alta velocidade entre Portugal e Espanha.