Dezenas de milhares de pessoas manifestaram-se, este sábado, contra a extrema-direita em França. O protesto surge na semana em que a esquerda francesa chegou a acordo para unir-se sob a bandeira da (Nova) Frente Popular para combater a extrema-direita, que venceu as eleições europeias no país.
François Ruffin, dirigente do partido França Insubmissa, faz parte deste acordo e diz que a manifestação desta tarde de sábado, em resposta à vitória do partido de extrema-direita União Nacional (RN, na sigla em francês), de Marine Le Pen, nas Eleições Europeias, da semana passada mostra bem o propósito da Frente Popular.
“A Frente Popular é as centenas de milhares de pessoas que, logo que nos ouvem dizer esse nome, respondem que nos apoiam. São os manifestantes que hoje [sábado], por todo o país, dizem que querem esta Frente Popular, que não querem a extrema-direita, que não querem um país dividido, que não querem franceses de primeira e de segunda. A Frente Popular é isso”, afirmou.
Recorde-se que ma sequência dos resultados, o chefe de Estado, Emmanuel Macron (do partido Renascimento, de centro-direita), dissolveu o parlamento e convocou eleições antecipadas para 30 de Junho e 7 de Julho.
As sondagens dão a vitória à RN, com 31% das intenções de voto na primeira volta, ainda que com a criação de uma coligação de esquerda, baptizada como Nova Frente Popular, os partidos de esquerda tenham reduzido a margem, podendo alcançar 28% e ficar a apenas três pontos percentuais do partido de Le Pen.
Numa tentativa de travar a extrema-direita, os principais partidos de esquerda – desde a mais radical França Insubmissa (LFI) aos socialistas, mas também passando pelos ecologistas — criaram uma aliança em que colocaram de lado algumas das divergências quanto aos conflitos na Ucrânia e em Gaza.
NOVA FRENTE POPULAR
A Nova Frente Popular teve já as suas primeiras tensões, depois de o LFI não ter readmitido os opositores do líder do partido, Jean-Luc Mélenchon.
Os membros excluídos dizem ter sido alvo de “uma purga” e acusam o antigo candidato presidencial Mélenchon de um “ajuste de contas”, enquanto outros lamentaram que o seu aliado Adrien Quatennens se mantenha no partido, apesar de ter sido condenado por violência doméstica em 2022.
Entre os candidatos da coligação está o socialista François Hollande, Presidente francês entre 2012 e 2017.
Na passada quinta-feira, o antigo chefe de Estado apoiou de forma plena a criação da Nova Frente Popular, insistindo em que é preciso ir “além das divergências” perante o risco de um executivo liderado pela extrema-direita.
Os partidos de esquerda franceses – Partido Socialista, o ecologista EELV, França Insubmissa e Partido Comunista Francês – anunciaram nesse dia que tinham alcançado o seu acordo final.
Entretanto, a direita clássica do partido Os Republicanos (LR, na sigla em francês) está a atravessar uma crise interna, depois de o seu líder, Éric Ciotti, ter aberto a porta a um pacto com Le Pen.
Nas eleições europeias em França, a União Nacional, actualmente liderada por Jordan Bardella mas que mantém presente Marine Le Pen, venceu com 31,5% dos votos, enquanto a coligação encabeçada pelo partido de Macron, Renascimento, se ficou pelos 15,2%.