A Direcção-Geral da Saúde (DGS) recomendou esta quinta-feira o reforço das medidas básicas de prevenção e controlo da covid-19 perante o aumento do número de casos, que em 30 de Junho ultrapassou o pico de incidência do último Inverno.
Segundo a DGS, a transmissão da infecção apresenta “uma tendência crescente“, com 26 casos a sete dias por 100.000 habitantes em 30 de Junho, valor que superou o pico registado no Inverno (12 casos a sete dias por 100.000 habitantes), mas inferior ao pico de incidência do último Verão (42 casos).
“A mortalidade específica por covid-19 correspondeu a 15 óbitos a 14 dias por milhão de habitantes, tendo ultrapassado os valores máximos obtidos nos últimos Inverno e Verão, respectivamente 10 e 13 óbitos a 14 dias por milhão de habitantes”, refere a autoridade de saúde em comunicado.
A DGS ressalva que “todos os valores” são inferiores ao limiar do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) de 20 óbitos a 14 dias por milhão de habitantes.
Cerca de 70% dos óbitos ocorreram em pessoas com 80 e mais anos, e a região com maior taxa de mortalidade foi o Algarve, que mantém uma tendência crescente.
De acordo com a DGS, cerca de 44% dos doentes que morreram não tinham registo de vacinação sazonal na última época, e entre os oito óbitos com menos de 60 anos, seis não tinham registo de vacinação sazonal na última época apesar de terem indicação para isso, atendendo às várias que apresentavam.
“Observa-se, igualmente, uma tendência crescente da proporção de episódios de urgência por covid-19 em todas as regiões e grupos etários, sendo o crescimento mais evidente nos grupos etários mais velhos”, adianta a autoridade de saúde.
Apesar da situação epidemiológica de momento ter “um impacto limitado na procura dos serviços de saúde e mortalidade geral”, a DGS reforça “a importância de adequar as medidas de protecção da doença, contribuindo para reduzir a transmissão a terceiros”, explicando que, “face à tendência de crescimento observada, associado a períodos de calor nos próximos dias, é possível que se observe período de excesso de mortalidade”.
NOVA LINHAGEM
Como razões para este aumento de casos, Carmo Gomes apontou a evolução do vírus SARS-Cov-2, mas também o tempo que passou desde a última campanha de vacinação.
De acordo com a autoridade de saúde, este aumento coincide com o aumento da prevalência de uma descendente da variante JN.1, a sub-linhagem KP.3, que foi detectada em 51,3% das amostras em Maio, que foi classificada recentemente como variante sob monitorização pelo ECDC.
“O ECDC considera improvável que estas novas mutações estejam associadas a aumento na gravidade da infecção ou a uma redução na eficácia da vacina contra doença grave, em comparação com as variantes BA.2.86 anteriormente em circulação. No entanto, os indivíduos mais velhos, ou com doenças subjacentes, ou previamente não infectados podem desenvolver sintomas graves, se infectados”, salienta.
A DGS recomenda a quem tiver sintomas de infecção respiratória (tosse, febre, dor de cabeça, dificuldade respiratória) a usar máscara, manter distanciamento físico e evitar ambientes fechados ou aglomerados.
Aconselha igualmente a adopção da etiqueta respiratória, ao tossir ou espirrar: tapar o nariz e a boca com um lenço de papel ou com o braço e, posteriormente, deitar o lenço no lixo e lavar as mãos, ou usar solução alcoólica com pelo menos 60% álcool.
“Lavar e/ou desinfectar as mãos frequentemente”, “manter os espaços ventilados, preferencialmente através de ventilação natural, procedendo à abertura de portas e/ou janelas” e “ligar SNS 24 – 808242424, em caso de persistência dos sintomas” são outras recomendações da Direcção-Geral da Saúde.