Dilma Rousseff caracterizou o seu afastamento da presidência do Brasil, após a aprovação do processo de impeachment (destituição) pelo senado, como “um verdadeiro golpe”. Se for considerada culpada será destituída do cargo.
Dilma Rousseff foi notificada esta quinta-feira da decisão do Senado de, com 55 votos a favor e 22 contra, afastar a presidente do seu cargo durante um período de máximo de seis meses, para que seja julgada no Senado por crime de responsabilidade.
A presidente do Brasil, agora afastada do cargo por 180 dias e substituída pelo vice-presidente Michel Temer, admite que pode “ter cometido erros”, mas garante que não cometeu crimes.
“O que está em jogo não é apenas o meu mandato. O que está em causa é o respeito pela vontade soberana do povo brasileiro e pela democracia”, afirma.
“O que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos, os ganhos das pessoas mais pobres e da classe média, a proteção às crianças, os jovens chegando às universidades e escolas técnicas”, acrescentou.
A presidente do Brasil considera que é alvo de “uma farsa jurídica”. Dilma considera que o impeachment é “fraudulento” e “um verdadeiro golpe”.
“O objectivo tem sido impedir-me de governar e, assim, forjar o ambiente propício ao golpe. Quando uma presidente é afastada por um crime que não cometeu, o nome que se dá a isso não é impeachment, é golpe. Não cometi crime de responsabilidade, não há razão para um processo de impeachment, não tenho contas no exterior, nunca recebi propina [suborno], jamais compactuei com corrupção”, disse numa declaração no Palácio do Planalto.
“Estou a ser julgada injustamente por ter feito tudo que a lei me autorizava a fazer. O governo não concedeu nenhum acto repressivo contra movimentos sociais ou manifestantes de qualquer posição política. O maior risco para o país neste momento é ser guiado por um governo sem voto”.
Na conferência de imprensa que se seguiu a ter recebido a intimação do afastamento do cargo de presidente, Dilma Rousseff dirigiu-se às mulheres: “Sou a primeira mulher eleita presidenta da República. Eu honrei os votos que as mulheres me deram. As mulheres mães, as que querem sua independência, sua autonomia. Como qualquer pessoa humana eu posso ter cometido erros, mas jamais cometi crimes. Nós mulheres temos uma coisa em comum: nós somos dignas. Ao longo de minha vida, eu sempre, como todas as mulheres, enfrentei desafios”.
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