O presidente americano voltou a gerar polémica esta sexta-feira ao ligar, aparentemente, os surpreendentes números do desemprego aos protestos contra a morte de George Floyd, dizendo que este era um “óptimo dia” para o afro-americano. Donald Trump recusou-se a responder aos jornalistas.
A conferência de imprensa durou uma hora na Casa Branca, mas não teve direito a perguntas. O presidente americano recusou-se a responder aos jornalistas sobre o comentário que fez, ao dizer que este era um “óptimo dia” para George Floyd, afro-americano morto pela policia na semana passada.
“Felizmente, George está a olhar para baixo agora e está a dizer: ‘Isso é uma grande coisa a acontecer para o nosso país’”, disse Donald Trump sobre Floyd.
“Um óptimo dia para ele, um ótimo dia para todos. Este é um óptimo dia para todos”, acrescentou o presidente, aparentemente referindo-se aos números do desemprego, que surpreendentemente baixou no mês de Maio nos EUA, pela primeira vez desde o início da pandemia de covid-19.
Os jornalistas que assistiram à conferência de imprensa tentaram interpelá-lo sobre o sentido destas palavras, mas Trump ignorou-os. Virou as costas e foi embora, como já vem sendo hábito.
Os críticos do presidente americano é que não o estão a poupar. A organização liberal CAP Action afirmou que o comentário de Trump foi “desprezível”.
Apesar de Trump ter dado como acabados os protestos contra a morte de George Floyd, eles continuam por todo os EUA contra a brutalidade policial e os democratas pediram um conjunto de mudanças, incluindo a proibição do tipo de imobilização que levou à morte do afro-americano, que ainda não foram promulgadas.
Depois do vandalismo, das pilhagens e dos confrontos com a polícia, as manifestações contra a morte de George Floyd foram mais controladas na noite de quinta-feira, ainda assim com alguns episódios a lamentar, como o empurrão de polícias em Nova Iorque a um idoso de 75 anos que ficou inanimado no chão, num incidente que levou à suspensão de dois agentes – isto no dia em que decorreu uma cerimónia em memória do afro-americano morto em Minneapolis.
Este incidente – captado em vídeo, tal como foi gravado o homicídio de Floyd, atiçou ainda mais os protestos.
Aconteceu em Buffalo, no estado de Nova Iorque. Um batalhão de polícias avança na rua e um homem idoso – sabe-se agora que tem 75 anos – de máscara no rosto, devido à pandemia, dirige-se a dois deles e parece questionar porque avançam os polícias de bastão nas mãos – a maioria dos protestos na cidade têm sido pacíficos.
O manifestante não mostrou sinais de querer agredir os agentes, mas um dos polícias empurra-o violentamente e o homem cai no chão desamparado.
O som que se ouve no vídeo – que pode ser considerado chocante – é o da cabeça a bater no chão duro de cimento. Imediatamente a seguir percebe-se que há sangue a escorrer da cabeça do homem e alguém grita: “Ele está a sangrar, ele está sangrar”.
Um dos agentes tenta socorrê-lo – é o que parece – mas, um outro polícia afasta-o e um terceiro comunica o incidente via rádio.
Governador de Nova Iorque, Andrew Cuomo, considerou o incidente “injustificável e vergonhoso”. Os dois agentes envolvidos foram suspensos.
Pelo menos 10 mil pessoas foram já detidas desde o início dos protestos, três mil das quais no sul da Califórnia. Quatro polícias envolvidos na morte de Floyd, entre eles Derek Chauvin – que pressionou o pescoço do afro-americano com o joelho ao longo de quase nove minutos – foram suspensos e acusados de homicídio.
Vídeo da conferência de imprensa em https://www.c-span.org/video/?c4879885/president-trump-calls-great-day-george-floyd-hails-latest-jobs-numbers
Vídeo de empurrão a idoso o (atenção: contém imagens violentas) em https://www.youtube.com/watch?v=QSBZGv5wzK4&feature=emb_title&has_verified=1
Redacção com C-SPAN, WBFO e DN