A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) defendeu esta quarta-feira a criação de uma lei de turnos, que respeite os 800 mil portugueses que trabalham naquele regime e lhes proporcione uma remuneração condizente com a “penosidade” do seu dia-a-dia.
Em Braga, durante um contacto com trabalhadores da Bosch Car Multimedia, a líder bloquista aludiu, designadamente, à atribuição de um subsídio de turno e de um descanso de 24 horas a cada mudança de turno.
O Bloco quer ainda que a cada seis semanas os trabalhadores tenham duas folgas ao fim de semana.
“As pessoas têm de ter tempo para estar com as suas famílias, quando as famílias também estão em dias de descanso, que é o sábado e o domingo”, referiu.
Para Mariana Mortágua, estas são medidas concretas que permitirão aumentar os salários, mas também “dar descanso a quem trabalha toda uma vida, todos os dias, e merece ser respeitado pelo trabalho que faz”.
“O voto no Bloco serve para conseguirmos uma lei de turnos que respeite quem trabalha na Bosch e quem trabalha por turnos em Portugal, 800 mil”, referiu.
Mariana Mortágua disse ainda que o programa do Bloco assenta no respeito pelo trabalho e no consequente aumento dos salários.
“Não se sobe salários em Portugal sem ter mais respeito por quem trabalha. São pessoas que trabalham por turnos, outras não, mas com salários que muitas vezes não chegam a 1.000 euros. Não podemos viver num país que paga 1.000 euros por trabalhos que são qualificados, que exigem um enorme esforço”, disse.
PROTESTO DA PSP E GNR
Em declarações aos jornalistas, Mariana Mortágua considerou sensato o adiamento dos protestos da GNR e da PSP para depois das legislativas de Março, sublinhando que a luta das forças de segurança não deve condicionar o processo eleitoral.
Sublinhou que os protestos daqueles profissionais são legítimos e que o Governo já deveria ter resolvido a questão da “desigualdade” que impôs quando criou um subsídio para a Polícia Judiciária e não o alargou às forças de segurança.
Para a líder bloquista, “não há razão nenhuma” para que o Governo não resolva rapidamente o problema.
Defendeu também que as forças de segurança têm de ter “um salário condizente” com a importância da sua função para a democracia e “estar à altura dessa importante função para a democracia”, protegendo “o maior acto de democracia que são as eleições, a preparação das eleições, os debates eleitorais e o momento do voto”.
Alertou que elementos da PSP e da GNR “perdem a razão” quando protestam de uma forma que pode condicionar o funcionamento da democracia.
A coordenadora do Bloco admitiu ainda ser normal o processo aberto na Inspecção-Geral da Administração Interna sobre o desfile e a concentração não autorizada de elementos daquelas forças de segurança na segunda-feira junto ao cineteatro Capitólio, onde decorreu o debate entres os lideres do PS e do PSD.