A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considerou esta terça-feira que os casos do primeiro-ministro, Luís Montenegro, e da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, devem ser separados, “para bem da qualidade da nossa democracia”.
Em Guimarães, à margem de uma visita ao supercomputador Deucalion, Mariana Mortágua sublinhou que Marine Le Pen “foi julgada e condenada”, enquanto o caso da empresa familiar de Montenegro “é do foro político”.
“Portanto, eu separaria os casos, para bem da qualidade da nossa democracia”, referiu.
“Marine Le Pen foi investigada pelo Parlamento Europeu por incumprimento de regras de financiamento de partidos, segundo as regras do Parlamento Europeu. Foi depois condenada também em França e daí a sentença que saiu. Foi julgada e teve uma sentença. Podemos ter opiniões sobre ela, mas há uma sentença da justiça francesa”, disse a líder bloquista.
Já o caso de Montenegro, acrescentou, é “político”.
“Tanto quanto sabemos, há uma investigação em curso, não sabemos nenhum detalhe sobre essa investigação e há explicações que o primeiro-ministro não tem querido dar e que são do foro político” referiu
Por isso, pediu a Montenegro “que esclareça o que tem a esclarecer”, mas sublinhou que pretende que a campanha seja essencialmente para debater temas como a economia digital, a habitação e os limites às rendas.
Na segunda-feira, Marine Le Pen, antiga presidente da União Nacional (RN, na sigla em francês) e atual líder do grupo parlamentar do partido na Assembleia Nacional francesa, foi condenada pelo Tribunal de Paris a quatro anos de prisão, dois dos quais não suspensos e sujeitos a um sistema de vigilância eletrónica, a uma multa de 100.000 euros e a cinco anos de inelegibilidade.
Le Pen e oito eurodeputados franceses da União Nacional foram considerados culpados de terem desviado fundos públicos do Parlamento Europeu.
RESPOSTA A VENTURA
As afirmações de Mortágua soaram a resposta ao presidente do Chega, André Ventura, comparou o primeiro-ministro, Luís Montenegro, a Marine Le Pen, para defender que políticos sobre os quais recaiam suspeitas não devem recandidatar-se a cargos públicos.
“Se temos um dirigente, ou uma dirigente, ou um político, ou uma política, ou um ex-primeiro-ministro, ou um primeiro-ministro suspeito de enriquecer no exercício das funções que tem, suspeito de desviar dinheiro, […] então não se pode recandidatar, seja em Portugal, em França, em Itália, na Alemanha”, afirmou.
Com Observador