O Governo mantém em Lisboa o embaixador português em Moscovo, após o ter chamado para “consultas” na sequência do ‘caso Skripal’, pelo menos até segunda-feira, quando o tema será debatido pelos chefes da diplomacia da União Europeia.
“A nossa posição tem sido sempre bastante alinhada com a posição da União Europeia”, disse esta terça-feira à agência Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, falando por telefone no final de uma visita bilateral à Irlanda.
O Governo português chamou, a 27 de Março, o embaixador português em Moscovo, Paulo Vizeu Pinheiro, na sequência do ataque com um gás neurotóxico ao ex-espião russo Serguei Skripal em Salisbury (Reino Unido), pelo qual Londres responsabilizou a Rússia.
Também a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, chamou o representante dos 28 em Moscovo, mas quase todos os países do bloco europeu — à excepção de Portugal e outros cinco Estados – optaram por expulsar diplomatas russos.
“Não prevejo que o embaixador Paulo Vizeu Pinheiro regresse a Moscovo, pelo menos antes de segunda-feira, 16. Nesse dia o Conselho de Negócios Estrangeiros tem como um dos pontos da ordem de trabalhos a análise das relações com a Rússia e julgo que se nenhum elemento inesperado ocorrer nos dias que restam desta semana, é mais lógico que Portugal aguarde por eventuais informações adicionais que possamos todos ter na segunda-feira ou pela concertação de posições, antes de o nosso embaixador regressar a Moscovo”, afirmou hoje Santos Silva.
O ministro dos Negócios Estrangeiros comentou que, entre os países europeus que também optaram por chamar os embaixadores, o Luxemburgo, Bulgária e Eslovénia já fizeram regressar os diplomatas aos seus postos na capital russa, enquanto os de Portugal, Malta e Eslováquia se mantêm nas respeptivas capitais.
O envenenamento do ex-espião duplo e da sua filha, em solo britânico, provocou uma das piores crises nas relações entre a Rússia e o ocidente desde a guerra fria e conduziu a uma vaga histórica de expulsões recíprocas de diplomatas.
Londres acusa Moscovo de envolvimento neste envenenamento através da utilização de um agente neurotóxico, enquanto a Rússia desmente as acusações e denuncia uma “provocação” e uma “campanha antirrussa”.