Um grupo de professores e alunos da Escola de Engenharia da Universidade do Minho desenvolveu um casaco e um vestido que reagem com luz à medida que interagem com o som.
O vestido já foi utilizado numa performance artística e o impermeável testado em vários locais de Guimarães, sensibilizando os cidadãos para o impacto do ruído na sua qualidade de vida.
O casaco ‘Noise’ e o vestido ‘Hertz’ foram concebidos no âmbito do mestrado em Design e Marketing, após um desafio lançado aos estudantes que visava a criação de peças de vestuário interativas, conjugando design, eletrónica e têxtil.
O investigador Hélder Carvalho, do Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil da UMinho. revelou que, com estes projetos foram aperfeiçoadas técnicas de integração de componentes eletrónicos em roupa.
Por exemplo, – diz – no casaco de poliéster incorporou-se um módulo de deteção de ruído, um microprocessador e fitas de LEDs, programando-o para reagir às alterações sonoras com cores definidas. Ilumina-se de branco quando está em espaços silenciosos, de azul ou verde perante ruídos moderados ou de transição e fica vermelho e a piscar intensamente face a sons elevados.
O casaco ‘Noise’ foi testado em ruas agitadas e em praças mais calmas, passando inclusivamente por um bar conhecido pela sua música rock.
“Com este passeio, procurou-se avaliar a interação entre o som, a luz e o movimento, assim como a reação dos transeuntes perante a representação do som. Esta ação leva as pessoas a refletir sobre a poluição sonora, um dos principais fatores relacionados com a degradação do meio urbano, com implicações para a saúde pública”, realça Hélder Carvalho.
A ideia de materializar o ruído nasce da premissa de que “é mais difícil ignorar aquilo que se vê do que aquilo que se ouve”.
“Abstraímo-nos facilmente dos sons que nos envolvem, mas dificilmente nos desligamos de imagens que nos rodeiam”, anui Isabel Cabral, que monitorizou o processo criativo e de design.
Vestido interativo estreado por bailarina
Já o vestido ‘Hertz’ foi concebido numa perspetiva mais artística, com o objetivo de auscultar a relação entre o corpo, o ruído, a tecnologia e a moda, em diálogo com a dança como forma de interpretar, através da intensidade do som, os movimentos da bailarina. A engenharia do têxtil interativo estruturou-se numa peça para teatro, a qual se reveste com recursos tecnológicos no seu interior, “propondo um manifesto de visualidade artística e encenando o mapeamento das zonas de vibração do corpo em detrimento da frequência acústica sonora”.
A idealização dos projetos esteve a cargo dos estudantes André Paiva e Meire Santos, sob alçada da designer Isabel Cabral e dos professores Hélder Carvalho e André Catarino.
Luís Moreira (CP 8078)