O escritor José Manuel Mendes foi anunciado esta sexta-feira como presidente executivo da Comissão de Honra de Homenagem aos Democratas. José Sampaio é presidente honorário.
Coube a Paulo Sousa, responsável da Comissão, fazer o anuncio durante a Assembleia Municipal de Braga, considerando aquela assembleia – “Casa da Democracia” – o local (e o tempo) “adequado”.
Nascido em Setembro de 1948, em Luanda, José Manuel Mendes elegeu a cidade de Braga para viver. Aqui, desde a adolescência, destacou-se como um lutador contra o poder ditatorial instituído pelo Estado Novo, no seio dos movimentos estudantis, associativos e políticos.
Paulo Sousa dedicou a totalidade da sua intervenção à necessidade de união em torno da Democracia e dos ideais de 25 de Abril, alertando para que a “cada dia que passa acrescenta tempo perdido para o esforço comum que se exige no debelar das fraquezas, ou se preferirem, dos pontos fracos do nosso sistema democrático”.
“Este é o tempo seguramente para nos unirmos, não para nos dividirmos sobre a emergência que a incerteza das mulheres e dos homens alimenta perigosamente em vários pontos do globo e muito em particular em Portugal”, disse o antigo jornalista.
Sustentou que o país atravessa o momento para solidificar a relação intergeracional “tão necessária à defesa dos direitos, liberdades e garantias que os mais velhos ajudaram a erguer através do instrumento fundamental sobre o qual repousa a nossa Democracia: a Constituição portuguesa”.
“A guarda da nossa memória como garante da compreensão dos valores da Democracia é fundamental para que as novas gerações- filhos e netos do 25 de Abril- não percam de vista o que foram os 48 anos do Estado Novo”, acrescentou.
Considerando a relação com Estado Novo – um passado “envergonhadamente escondido na nossa memória”-, o responsável da Comissão voltou a apelar à união. “É essencial para que se produza o necessário consenso em torno das democratas e dos democratas que anónima ou pubicamente se sacrificaram para que hoje possamos estar aqui em Liberdade”.
Para Sousa, é, evocando nomes como o Vítor Sá, Salgado Zenha ou Santos Simões, que se garante que a sua luta como resistentes “não cairá de novo no esquecimento, nem engolidos pelo frenesim de uma vida atingida pelo mediatismo e pelo consumo insensato de fake news como se estas pudessem constituir-se como verdade alternativa”.
“Este é o tempo de homenagem como aquele que esta Assembleia, enquanto Casa da Democracia, vai protagonizar sobre uma das figuras maiores da região e do país: Salgado Zenha, que não nos deve fazer esquecer que nos espera um intenso e duro trabalho para tornar efectivo o novo paradigma do sistema: Uma Democracia Inclusiva”, disse.
E essa democracia, sublinhou, “só é viável” com o “dignificar a acção política”, tornando-a “num valor social”.
Dirigindo-se novamente aos deputados municipais, Paulo Sousa afirmou que “os partidos devem dar o seu contributo”, visto que a sociedade civil já “está a fazer o seu trabalho para consolidar e fortalecer o exercício da cidadania política activa”.
“Cabe aos partidos políticos fazerem a necessária reflexão sobre os seus próprios modelos de governação e dessa forma serem parte interessada efectiva nas necessárias mudanças”, rematou.
Fernando Gualtieri (CP 7889)