A Câmara de Esposende assinalou esta quarta-feira o cinquentenário da morte de Manuel Boaventura, com uma cerimónia evocativa que compreendeu a projecção de um documentário e o lançamento de um livro que reúne textos dispersos e anotações do escritor.
O presidente da Câmara Municipal recordou o trabalho desenvolvido pelo município “para conferir a grandeza que o trabalho literário de Manuel de Boaventura merece”.
“A estratégia de valorização da vida e obra do escritor Manuel de Boaventura, iniciada em 2016, passou pela instituição do Prémio Literário, pela aquisição da sua casa, em Palmeira de Faro que será transformada em Casa Museu e cujo património está a ser inventariado”, afirmou Benjamim Pereira, referindo que a autarquia tem reeditado as obras do escritor, “para que os mais novos conheçam o seu legado”
Em 2017, a Biblioteca Municipal iniciou a reedição da colecção do patrono com ‘O Solar dos Vermelhos’, seguindo-se ‘Crimes dum Usurário’ (2018), ‘No Presídio, Memórias dum conspirador’ (2019), ‘Contos do Minho’ (2020), ‘Novos Contos do Minho’, em Junho de 2022 e ‘Lapinhas do Natal’, em Dezembro de 2022.
Benjamim Pereira anunciou que o lançamento de ‘Dispersos de Manuel de Boaventura’ abre “uma nova série de publicações de textos” do escritor.
Na sessão evocativa foi projectado o documentário de memórias, com João Boaventura e Silva, neto do autor e lançado o livro coordenado por Manuel Penteado Neiva. A Biblioteca Municipal tem, ainda, patente uma exposição de recordações sobre Manuel de Boaventura.
Manuel Penteado Neiva lembrou que, ao longo dos anos, já “ocorreram 19 momentos de homenagem a Manuel de Boaventura” e que a reedição das obras do escritor pretende “incentivar uma maior leitura do escritor”.
O livro agora lançado reúne textos publicados em onze periódicos da época, mas Manuel Penteado Neiva prevê a edição de outros livros, com base nos mais de 300 artigos, publicados em 42 jornais de todo o país.
Natural de Vila Chã, onde nasceu em 1885, Manuel Joaquim de Boaventura fixou residência, em 1906, na freguesia de Palmeira de Faro, onde escreveu toda a sua obra literária, composta por dezenas de títulos e uma notável colaboração jornalística nas principais revistas e jornais nacionais.
A sua paixão pela cultura local, pelos hábitos e costumes do Minho, pelo linguarejar típico, levaram-no a coligir e publicar, entre outras, a extraordinária obra ‘Vocabulário Minhoto’.
Nos seus romances e contos, reconhece-se a escrita da terra, os vocábulos lugareiros, as romarias e festas, o mundo maravilhoso de lendas, bruxas, gnomos, lobisomens, fadas e diabos, a narrativa humorística e emotiva dos costumes e paisagens de Entre Douro e Minho, especialmente o seu “terrunho” natal. Manuel de Boaventura faleceu a 25 de Abril de 1973, em Esposende.