O Relatório de Sinistralidade relativo aos primeiros 10 meses do ano de 2024, da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), dá conta que entre janeiro e outubro do ano passado morreram menos pessoas nas estradas portuguesas, apesar de haver mais acidentes e feridos graves, em relação a 2019, ano de referência para monitorização das metas de redução, fixado pela Comissão Europeia.
De acordo com o relatório, em relação a 2019, registaram-se menos 35 vítimas mortais (-8,9%) e menos 316 feridos leves (-0,8%), mas mais 718 acidentes (+2,3% ) e mais 154 feridos graves (+7,2%) até outubro do ano passado.
De janeiro a outubro de 2024 foram assim registados, no Continente e ilhas, 31.633 acidentes com vítimas, 405 destas mortais.
O número de feridos graves foi de 2.304 e de leves 37.081.
Só em Portugal Continental registaram-se 30.226 acidentes com vítimas, dos quais resultaram 392 vítimas mortais, 2.156 feridos graves e 35.484 feridos leves, durante o período em análise, o que, comparativamente ao período homólogo de 2019, são menos cinco vítimas mortais (-1,3%) e menos 451 feridos leves (-1,3%).
Em contrapartida, no Continente houve mais 202 feridos graves (+10,3%) e mais 591 acidentes (+2,0%).
Dados estes que fizeram com que o índice de gravidade registasse uma diminuição de 3,2% de 1,34 para 1,30.
MORTES DIMUNUEM
Em comparação com os primeiros 10 meses de 2023, registaram-se menos 18 vítimas mortais (-4,4%) e uma diminuição de 1,39 para 1,30 no índice de gravidade.
Contudo, salienta a ANSR, houve mais 818 acidentes (+2,8%), mais 80 feridos graves (+3,9%) e mais 976 feridos leves (+2,8%).
De acordo com esta autoridade, em comparação com 2023, houve em 2024 um “aumento na circulação rodoviária”, o que corresponde a um acréscimo no risco de acidentes, de acordo com a informação atualmente disponibilizada pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes.
“A circulação média diária na rede nacional de autoestradas aumentou nos primeiros 10 meses de 2024 face a igual período de 2023, apesar da diminuição de 1,2% no consumo de combustível rodoviário, segundo dados da Direção-Geral de Energia e Geologia”, lê-se no relatório.
MAIS COLISÕES
A colisão representou a natureza de acidente mais frequente nos primeiros 10 meses de 2024, correspondendo a 53,3% dos acidentes, 40,3% das vítimas mortais e 46,5% dos feridos graves.
Os despistes, que representaram 33,6% do total de acidentes, foram responsáveis por 45,4% das vítimas mortais.
No período em análise, o número de vítimas mortais dentro das localidades (224) foi superior ao apurado fora das localidades (168).
Quanto ao tipo de via, nos primeiros dez meses deste ano, 62,4% dos acidentes ocorreram em arruamentos, representando 33,4% das vítimas mortais (+0,8% e +5,6% em relação aos períodos homólogos de 2019 e 2023, respetivamente) e 46,0% dos feridos graves.
Nas estradas nacionais ocorreram 19,9% dos acidentes, com 36,0% das vítimas mortais (+16,5% e +7,6% face a 2019 e 2023, respetivamente) e 29,9% dos feridos graves.
Nas autoestradas, registaram-se menos 14 vítimas mortais e menos quatro feridos graves face a 2019. Em relação a 2023, houve menos três vítimas mortais, mantendo-se o número de feridos graves igual.
VÍTIMAS MORTAIS
Relativamente à categoria de utente, e considerando as vítimas mortais, 73,5% do total correspondiam a condutores, enquanto 15,1% eram peões e 11,5% passageiros.
Em termos de variações homólogas, nas vítimas mortais, verificaram-se diminuições de 41,6% face a 2019 e de 31,8% face a 2023 nos passageiros, assim como menos 2,0% nos condutores face a 2023.
Em relação à categoria de veículo interveniente nos acidentes, os automóveis ligeiros corresponderam a 70,8% do total.
Nos 10 primeiros meses do ano, 52,0% do número de vítimas mortais registou-se na rede rodoviária sob a responsabilidade das seguintes entidades gestoras de via: Infraestruturas de Portugal (40,1%), Brisa (2,8%), Ascendi (2,3%), os municípios de Lisboa e Viseu (1,5%, cada) e os municípios de Caldas da Rainha, Paredes e Sintra (1,3%, cada).
Verificou-se que 48,0% das vítimas mortais resultaram de acidentes nas vias da rede rodoviária nacional (7,9% na rede concessionada para além da IP), cabendo às vias sob gestão municipal a proporção de 51,5%.