A Universidade do Minho é “atraente” pela oferta educativa e pela fama de “relativa facilidade” com que se arrenda casa na cidade, mas os preços “já não são os da uva mijona”, segundo alunos e profissionais imobiliários.
Em declarações à Lusa, responsáveis por duas das maiores agências imobiliárias da cidade apontaram uma subida de preços no mercado de arrendamento “na ordem dos 20% a 30%” nos últimos dois anos, o que, “a par de uma diminuição de oferta”, afirmam ter tornado a “vida complicada” para quem quer arrendar casa em Braga.
Maria Guilherme, 17 anos, foi de Elvas para Braga para estudar Direito e, em entrevista à Lusa, disse orgulhosamente que entrou na primeira opção e “na verdade na única”. Escolheu a Universidade do Minho “porque era atraente pela reputação” e porque o mercado de arrendamento em Braga “tem fama de ser barato”, ao contrário do de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Tal como nas contas de Maria, o preço do alojamento teve peso nas escolhas de Bruno Vaz, 21 anos, “futuro licenciado em Ciências da Computação”, chegado da Covilhã, que admitiu que “tudo conta na altura de escolher” e, se o sonho era Lisboa, “a carteira” encurtou-lhe as distâncias e optou por Braga pela fama de “relativa facilidade” em arranjar alojamento.
“Os estudantes, por norma, procuram T0 ou T1. Há dois, três anos arranjavam-se estas tipologias por 250 euros, 300 euros, ou 350, dependendo da zona, quanto mais próximo da Universidade mais caro. Hoje já não há nada abaixo dos 350 euros”, disse à Lusa Sílvia Pinto, representante da ERA.
A “aventura” de Maria a procurar casa corrobora: “Eu pesquisei nos últimos meses, antes de escolher a universidade, vi muita coisa na Net e parecia tudo mais barato e mais bonito. Nestas duas semanas ou encontro coisas velhas e demasiado longe ou preços demasiado caros”, disse.
Maria queria morar sozinha, mas os preços do arrendamento estão a fazer esta jovem “repensar tudo”.
“Acho que vou ter que partilhar casa. Por um T1 pedem quase 400 euros, e encontrei um T3 pelo mesmo preço. Já conheço duas raparigas que estão na mesma situação que eu e se calhar vamos dividir a casa. Uma delas tem carro e já dá para irmos para um pouco mais longe do ‘campus’”, relatou.
Tal como Maria, o covilhanense está com as contas baralhadas. “Venderam-me que as casas em Braga eram ao preço da uva mijona e não são, ou já não são. Olhe, devia era ter estudado para ter entrado há três anos. Agora vou ter que me desenrascar mais à rasca”, admitiu.
O orçamento de Bruno para alojamento é de 300 euros, “a que se junta o comer, vestir, telemóvel, viagens e claro, os copos”, enumerou.
“Alguma coisa vai ter que ser cortada. Pode ser que seja desta que deixe de fumar, sempre são mais 150 euros no bolso para a casa. A única que vi que me interessou fica por 370 euros e não é perto. Mas pelo menos vou viver sozinho”, explicou.
O aumento dos preços tem, segundo as imobiliárias contactadas pela Lusa, “algumas” explicações: “Houve um aumento do emprego, de empresas na área e isso trouxe novas pessoas para a cidade, fez aumentar a procura”, apontou António Cardoso, da representante da Remax.
Para Sílvia Pinto, “o aumento do prestígio da Universidade atrai cada vez mais estudantes nacionais e estimula a procura e juntar a isso a diminuição de oferta no chamado mercado oficial e o aumento no mercado paralelo, ou seja na internet, nos folhetos dos cafés”.
Há algo em que Sílvia Pinto e António Cardoso são unânimes.
“Arrendar casa em Braga fácil e barato já foi, já não é”, avisam.
Fonte: SAPO24